Actuação do Bambaram, e de um colectivo de músicos guineenses com direcção musical de Mû Mbana e Juca Delgado Clube B.Leza * Domingo, 25 de Maio * 17h30 * 5€ O emblemático compositor e músico guineense Tony Osvaldo irá ser homenageado num belíssimo e emocionante final de tarde de domingo. Estarão presentes convidados de luxo que prometem um concerto inesquecível! O momento será, também, marcado pela celebração dos 25 anos do Bambaram, grupo de Badju di Tina (género tradicional guineense de música, canto e dança), fundado por Tony Osvaldo e sua esposa M’burso, nos anos 90 em Lisboa. Tudo isto, no B.leza! Músicos: - Mû Mbana - Juca Delgado - Lilison di Kinara - Nelson Costa - Guto Pires - Kimi Djabate - Patchi Melo - Maio Coope - Atanásio Atchuen - João Mota - Julião - Antonio Aladje - Zeca Dias - Binto Canute - Mario Diaz - Didac Ruiz - Sidia Baio * Tony Osvaldo (o génio silencioso) Activista incansável da cultura de "MANDJUANDADI" (o culto à amizade), e paralelamente, um inovador da canção moderna guineense. Apesar de ter permanecido quase sempre na sombra e longe de ser reconhecido e relacionado com as suas próprias obras, compôs alguns dos maiores êxitos da musica actual da Guiné, alguns dos quais interpretados por cantores guineenses como: Manecas Costa, Rui Sangara, Buka Pussik, entre outros. Poeta, baladista, visionário e padrinho de toda uma geração de musicos e artistas da Guiné-Bissau. (texto de Mû Mbana) * Tony Osvaldo nasce em Bolama em 1955 e vai viver para Bissau ainda criança, no início da guerra, crescendo no bairro Chão de Papel Varela. Começa a trabalhar muito cedo – ao mesmo tempo que faz a escola primária – vendendo mancarra para ajudar em casa numa altura em que o pai fora preso pela PIDE/DGS. Trabalha na Manutenção Militar até à independência (1974), altura em que vai para Quebo trabalhar como professor nas zonas libertadas. Volta para Bissau em 1975 num momento de grande efervescência da música guineense e faz parte de um grupo, Fórmula 7, no qual era voz principal e compositor (músicas e letras). Em 1977 começa a trabalhar nos correios onde permanecerá até emigrar para Portugal. No fim de 1979, com o seu irmão Líli (Lilison di Kinara, músico dos Nkassa Cobra) e mais alguns amigos, funda o Bambaram, um grupo de Badju di Tina que junta pessoas de várias gerações, etnias e bairros. No Bambaram compõe e canta. Vem de férias a Portugal em 1989 mas acaba por ficar, até hoje. Trabalha como servente de construção no Algarve, em Setúbal e a seguir em Lisboa, onde se instala de forma definitiva – nos Fetais e nas barracas da Ponte durante o primeiro ano na cidade e depois na Quinta do Mocho (primeiro na Velha, agora na Nova onde ainda vive com a sua família). Faz entretanto um curso de encofrador e armador de ferro que passam a ser as suas profissões no mundo da construção civil e que o levam a trabalhar um pouco por todo o país e também em Espanha e França. Com a sua mulher, M’burso (Hermínia Semedo Correia), cria, no início dos anos noventa, o Bambaram de Lisboa, que passa a existir em paralelo com o de Bissau. Ainda em actividade, o Bambaram é chamado para celebrações e festas (baptizados, casamentos, funerais, …) da comunidade guineense radicada em Portugal. Ao longo da sua vida, Toni Osvaldo tem vindo a escrever (letra e música) para outros músicos: Nkassa Cobra, Manecas Costa, Fernando Bidinte, Maio Coopé, Rui Sangara, Mário Babrem, Atanásio Silva Correia, Romeu Tonton, Zé Nuno, Patche Melo, entre outros. * Bambaram, Badju di tina: música e dança tradicionais da Guiné-Bissau. O Bambaram é um grupo de Badju di Tina (Baile de Tina), género musical da Guiné-Bissau cujo coração é uma cabaça, tocada na superfície da água. Danças e canções são convocadas pelo som profundo deste tambor – a tina - para celebrar em comunidade momentos importantes da vida. Cantado em crioulo, o Badju di Tina foca-se nos acontecimentos da vida quotidiana, nas críticas social e política, e na recordação de sentimentos, frequentemente de carácter nostálgico. As canções desenvolvem-se em pergunta-resposta entre um solista e um coro, por cima de padrões rítmicos percutidos numa cabaça que flutua num bidão com água. As palmas – pequenas pranchas de madeira, tocadas aos pares por cada um dos elementos do coro – são o outro instrumento rítmico presente. No centro do espaço definido pelo coro, as pessoas vão dançando, sozinhas ou acompanhadas, Habitualmente, os Badjus di Tina acontecem aos fins-de-semana, mas também em momentos especiais: casamentos, funerais (e dias de “choro” que se lhes seguem), Fanado (ritos de iniciação à vida adulta), e passagem do ano. Nestas ocasiões é definida uma hierarquia entre os executantes, que inclui Rei, Rainha e soldados rasos. Na Guiné-Bissau, Bambaram é a palavra que designa a faixa de tecido que as mães usam durante as actividades diárias para transportar consigo as crianças. O carácter simbólico deste pano motivou a escolha para o nome do grupo: são irmãos os que partilharam o mesmo bambaram, também o são aqueles que fizerem parte deste Bambaram. Composto por guineenses de etnia Papel – na sua maioria habitantes da Quinta do Mocho (Sacavém) desde o início dos anos oitenta – e formado quase exclusivamente por mulheres, o Bambaram actua em cerimónias e festas da comunidade guineense de Lisboa. Também já se apresentou em espaços como o Centro Cultural de Belém, a Aula Magna de Lisboa, os Teatros São Luiz e Maria Matos, ou o B.Leza.