Desde muito cedo que Sara Correia é presença habitual nas melhores casas de fado da cidade de Lisboa. E, por isso, canta com a propriedade e força de quem cresceu no fado.
Em setembro de 2018, editou o seu álbum de estreia, o homónimo “Sara Correia”. “Tenho uma identificação muito grande com os temas que constroem este disco, revejo-me em todas as histórias e elas definem-me enquanto fadista. Por isso, decidi intitulá-lo com o meu nome próprio”, explica a fadista.
Vive o fado desde criança. O facto de ter crescido numa família fadista ajudou-a a que desde cedo vivesse rodeada de música e de músicos e a viver essa vida de uma forma bastante natural.
“Foi tudo tão rápido. Eu vou aos fados desde muito menina, tenho família fadista e comecei a cantar desde cedo”, lembra.
Ainda assim, houve um momento que foi particularmente marcante neste início de percurso e que a levou a decidir que se ia dedicar por inteiro ao fado. “Quando participei e venci a Grande Noite do Fado de Lisboa senti que era isto que queria fazer”, recorda. Sara Correia tinha apenas 13 anos quando se consagrou vencedora da Grande Noite do Fado e, logo de seguida, é convidada para cantar numa das casas de fado mais míticas da cidade, a Casa de Linhares. Aí teve o privilégio de cantar e aprender ao lado de grandes nomes do fado, nomeadamente Celeste Rodrigues, Jorge Fernando, Maria da Nazaré, entre outros. Todos eles “foram e serão sempre a escola de se ser fadista”, afirma Sara.
Aliás, para si a experiência da casa de fados é fundamental. “Pisar casas de fado é muito importante, obrigatória, a meu ver. É onde se ganha a mão do canto, onde ganhamos a nossa identidade, a encarar noite após noite a cantar como a coisa mais séria da nossa vida. Todas as grandes fadistas de hoje e de sempre tiveram a casa de fados como raiz”.
Cresceu e aprendeu a ouvir Amália Rodrigues, “fadista inteira” que tanto a inspirou no caminho que traçou até hoje, em todas as suas vertentes, mas Sara Correia tem também como referências outras grandes vozes, como Fernanda Maria, Beatriz da Conceição e Hermínia Silva.
Ainda em 2018, o seu talento captou a atenção do realizador francês Joel Santoni, que a convidou a cantar “Grito”, de Amália Rodrigues, para a sua série “Une famille formidable”.
Foi, ainda, convidada por Diogo Varela Silva a participar no seu filme “Alfama em Si”, retratando a Severa, personagem histórica que é um verdadeiro símbolo do fado, integrando um elenco composto por alguns dos melhores artistas portugueses.
“Sara Correia”, o primeiro álbum editado com o selo da Universal Music Portugal, foi criado em parceria com o produtor Diogo Clemente. Participaram nele músicos como Ângelo Freire – “que é, sem dúvida, um génio da guitarra portuguesa desta geração” –, o mestre Marino de Freitas no baixo, Vicky Marques nas percussões e Ruben Alves no piano.
Em Portugal, a crítica celebrou a estreia de Sara Correia e aplaudiram unanimemente aquela a quem chamaram a “grande voz da nova geração”. O álbum valeu-lhe, em 2019, duas nomeações na primeira edição dos Play – Prémios da Música Portuguesa, nas categorias “Artista Revelação” e “Melhor Álbum de Fado”, o Prémio Revelação da Rádio Festival e mais de 30 concertos e plateias rendidas em países como Espanha, Coreia do Sul, Noruega, Itália, Áustria, Ilhas Reunião e, já em 2020, na India, Bélgica, Holanda e Chile.
Entretanto, lançou em setembro de 2020 “Do Coração”, o seu segundo disco de estúdio, novamente produzido e concebido em parceria com Diogo Clemente. Com o fado tradicional, onde imprime o seu poder como ninguém, convivem temas escritos e compostos para a sua voz, tornando-os Fados. É disso exemplo aquele que foi o primeiro single do disco, “Chegou Tão Tarde”, com letra e música da jovem compositora Joana Espadinha. Carolina Deslandes, Luísa Sobral, António Zambujo – com quem canta em dueto no álbum – Jorge Cruz e o já citado Diogo Clemente são disso exemplo.
O ano de 2021 continua a sorrir a Sara Correia. Logo no início do ano, a fadista foi convidada para se apresentar ao vivo no concerto de inauguração da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, no Centro Cultural de Belém, onde cantou acompanhada pela Orquestra Sinfónica Portuguesa, dirigida pela maestrina Joana Carneiro, ao lado dos consagrados Camané, Carminho e Ana Moura. No concerto, teve oportunidade de homenagear o mestre Carlos do Carmo.
Em 2021 o álbum “Do Coração” venceu um dos PLAY – Prémios da Música Portuguesa, na categoria “Melhor Álbum de Fado”. Sara Correia estava nomeada ao lado da icónica Mariza, por “Mariza Canta Amália”, Cuca Roseta, por “Amália Por Cuca Roseta”, – ambos álbuns de tributo à lenda do Fado Amália Rodrigues -, e Buba Espinho, pelo seu álbum homónimo de estreia. Além da importante vitória, Sara Correia ainda atuou ao vivo na gala.
Em julho do mesmo ano a fadista reeditou o aclamado e premiado “Do Coração”. A nova versão, intitulada “+ Do Coração”, inclui o alinhamento original e três temas extra, gravados ao vivo: “Antes Que Digas Adeus”, “Os teus Recados” e “Alfama”. A reedição foi acompanhada por um concerto disponibilizado no YouTube, gravado em outubro de 2020 no âmbito do Festival Internacional Cervantino, o maior evento cultural da América Latina. Nesta intensa atuação Sara Correia interpretou temas do álbum “Do Coração” e dois fados eternizados por Amália Rodrigues, “Alfama” e “Fado Português”, uma forma de assinalar o centenário da lendária fadista, que se celebrou em 2020.
No mesmo mês foi editado o hino à lusofonia “Meu Bairro, Minha Língua”, música da autoria do rapper brasileiro Vinicius Terra, que aborda a redescoberta das nossas raízes, heranças culturais e relações históricas. A fadista foi uma das grandes embaixadoras da lusofonia escolhidas para interpretar o tema, a par de Dino D’Santiago, Elza Soares, Linn da Quebrada e o próprio Vinicius Terra. A canção assinalou a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, no Brasil, e faz parte do acervo do mesmo desde a sua reabertura, a 31 de julho de 2021, após as obras de recuperação que se sucederam ao incêndio em 2015. O projeto resultou, ainda, numa websérie de 8 episódios e Sara Correia trouxe para a iniciativa um pouco das suas vivências, sonhos e encontros com a música e o fado no seu próprio bairro.
2021 trouxe um desafio inédito a Sara Correia – uma colaboração criativa com o artista plástico Tony Cassanelli – num repto lançado pelo projeto Lisboa Criola, do qual nasceu um documentário e uma escultura. Mas não só, novembro revela que a fadista tem uma participação na primeira série portuguesa da Netflix, “Glória”, num cameo que é uma referência ao encontro histórico entre o saxofonista americano, Don Byas, e Amália Rodrigues.
No entanto, 2021 ficaria invariavelmente marcado pela nomeação de Sara Correia ao mais importante prémio mundial de música, o Grammy Latino. Se este é um objetivo a longo prazo de qualquer carreira, Sara Correia consegue-o ao segundo registo de originais, “Do Coração”, numa nomeação para Melhor Álbum de Raízes Portuguesas. Além da nomeação, Sara é convidada para participar na cerimónia de entrega dos prémios, como apresentadora, em Las Vegas, a 18 de novembro de 2021.
“Quero é Viver”, um original de António Variações de 1983, rompe o silêncio logo no início de 2022, numa versão interpretada por Sara Correia para o genérico da novela prime-time da TVI com o mesmo nome. A canção atinge, na semana de lançamento, os tops digitais e as tendências do YouTube.
Com a guerra a irromper na Ucrânia, Pedro Abrunhosa convida Sara Correia para participar no seu tema “Que o Amor te Salve nesta Noite Escura” por ocasião do concerto solidário Uma Voz pela Paz. O single, lançado a 25 de março, sobe rapidamente às tendências do YouTube e atinge o #3 desta concorrida lista com todas as receitas a serem doadas à organização WE HELP UKRAINE.
https://www.cm-evora.pt/wp-content/uploads/2022/06/Dia-26-Sara-Correia.mp4
Fonte: https://www.cm-evora.pt/eventos/sara-correia-feira-de-s-joao-2022/