Há quem escreva como quem beija ou acaricia. Há quem nos relembre a ilha que temos cá dentro... Ou que somos. É assim a escrita de Irene Lucília. Embalados pela sua letra, revisitamos aquilo que somos, recordamos quem fomos e aquilo que queremos ser. As nossas memórias e os nossos futuros. Pretendemos dar voz a esse mundo interior, numa dramaturgia inspirada em textos de Irene Lucília, que nos oferece, de mão beijada, ou de letra fina, viagens por mundos que nem supomos. (re)Descobrimos que, afinal, somos terra, emoção, sentimento, pó, vulcão e Laurissilva, mar e montanha, música e silêncio... E palavra, sempre a palavra e a voz. A palavra e a luz. A palavra e nós. Nós e os outros. Neste movimento incessante de uma ilha que regressa sempre a si, mesmo quando assim não parece.
Estas personagens pertencem a memórias de todos nós, rostos que já foram e que guardamos, com carinho, com saudade, que são, agora, réstias de sol dos dias passados junto ao mar ou à varanda, contemplando os tons verdes da alma. Saudemos, pois, Irene Lucília, pelo que nos deu e ainda nos dá, pelos livros que escreveu e que ainda tem por escrever. Faz parte do nosso imaginário, seja na sua poesia, seja nos seus romances, ou até mesmo nas letras de canções infantis e juvenis que muito ouvimos quando éramos crianças, que aprendíamos na escola, que os nossos pais cantavam.
Já a conhecíamos antes de sabermos quem era. E depois de sabermos quem é, apetece-nos lê-la ainda mais. Foi dela para o mundo, “Da Irene, com Amor!”.