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encontros da imagem 2024: tudo é incomodo quando a terra treme, por joana dionísio

encontros da imagem 2024: tudo é incomodo quando a terra treme, por joana dionísio

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As representações captadas nos álbuns de fotografias de família perduram no tempo. A par dessas imagens, persistem as narrativas íntimas que lhes deram origem, passando de geração em geração e imprimindo-se nas suas memórias.
A minha perceção de África é moldada por uma distorção ótica incorporada nos álbuns de fotografias de família. Ao longo do meu crescimento, esta representação idealizada da experiência africana manteve-se constante na minha consciência, porque a autenticidade destas imagens está ligada à vida dos meus antepassados que, apesar de serem parte integrante das experiências da minha família, estas imagens contam uma história que não resume a História. Questiono as recordações provenientes de fotografias que captam os dias alegres dos meus familiares em África, na perspetiva de alguém que não viveu diretamente o período colonial, mas que opta por recuperar o património desta memória familiar através da fotografia.
A análise crítica das experiências da geração dos “retornados” envolve um compromisso com a desconstrução das narrativas coloniais e visa desfazer a nostalgia associada às suas imagens, reconhecendo a sua propensão para criar mitologias e fantasias. “Tudo é incomodo quando a terra treme” procura gerir as memórias dos meus antepassados de uma forma consciente e crítica, refletindo uma análise pessoal contemporânea face a este legado, no meu caso particular bisavós, avós e pais que nasceram ou migraram para Moçambique durante o período colonial.
Explorando as ligações entre identidade e território, o projeto surge da tensão entre memória coletiva e individual, poder e opressão, o que preferimos lembrar e o que escolhemos esquecer, e como essas memórias moldam a perceção do passado pelas gerações futuras.
Todos nós desempenhamos um papel na construção, narração e preservação da nossa memória histórica.

Joana Dionísio (1993) é uma fotógrafa portuguesa sediada no Porto, onde trabalha como freelancer em vários projetos comissionados e pessoais. Começou por estudar Tecnologias da Comunicação Audiovisual e concluiu o Mestrado em Fotografia Artística em 2021. Joana expôs o seu trabalho em diversas exposições individuais e coletivas, tendo sido selecionada para a FRESH EYES 2022 – uma publicação que mostra o talento emergente da fotografia europeia pela GUP Magazine – e foi nomeada como um novo talento para Futures, em 2023, pela Bienal Fotografia do Porto. As suas narrativas estão profundamente enraizadas em memórias autobiográficas e pessoais, e apresentam simultaneamente realidades intersubjetivas entre mundos humanos e não humanos por meio de fotografias que tocam a natureza básica da nossa existência, a fragilidade da vida e a nossa mortalidade.

programa completo em encontrosdaimagem.com

Fonte: https://www.gnration.pt/event/2024/encontros-da-imagem-2024-joana-dionisio/
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