João Paulo Feliciano: Primavera

Artista visual e músico, João Paulo tem um percurso muito pouco linear, tendo experimentado múltiplos campos de expressão e de actividade. A sua obra é multifacetada: instalação, objectos, pintura, desenho, fotografia, video, luz, som, música, design gráfico, arquitectura, performance - desenvolvida quer em trabalho 'a solo' quer projectos de colaboração.

Esta exposição tem como ponto de partida a experiência do artista no festival NOS Primavera Sound - em particular a edição de 2015. Nos últimos quatro anos João Paulo Feliciano aplicou o seu pensamento artístico no Parque da Cidade, contribuindo para que a experiência deste festival fosse mais rica, intensa, marcante, e sobretudo potenciadora de uma mais intima relação entre os artistas e o público.

Ao fim de quatro anos foi a própria experiência do festival que se tornou matéria artística: objectos, sistemas construtivos, materiais, formas, imagens, coresm ideias, metáforas, experiências, acontecimentos - múltiplos e muito diversos aspectos do festival foram agora, por sua vez, submetidos ao processo transformador do pensamento artístico.

Cada uma das peças na exposição materializa um 'assunto artístico', cuja génese está nessa experiência intensa que é pensar, desenhar e viver o NOS Primavera Sound no Parque da Cidade do Porto. No entanto aquilo que interessou ao artista, desde o momento em que pensou esta exposição (durante os dias que se seguiram à última edição do festival), foi o facto de poder olhar / pensar / criar 'peças' com a absoluta liberdade e autonomia com que sempre pensou o seu trabalho de artista plástico. 

Se o trabalho no Parque da Cidade tinha sido desde início uma extensão do seu trabalho no atelier, agora também o reverso passou a ser verdade - estabelecendo um contínuo com todo o trabalho que tem feito desde há várias décadas, em torno da música enquanto fenómeno central da cultura popular.

Para além das peças em si, a exposição torna clara a matriz única por trás do NOS Primavera Sound - uma realidade impensável no contexto dos grandes festivais há 5 anos atrás - e só possível por, tanto promotor como patrocinador, reconhecerem a importância da relação indestrinçável entre a música e o espaço onde ela acontece. E confiarem num artista para resolver essa equação.