21:30 até às 23:59
Nova—Velha Dança, AnaRita Teodoro, Carlos Oliveira, Simão Costa

Nova—Velha Dança, AnaRita Teodoro, Carlos Oliveira, Simão Costa

Ana Rita Teodoro trabalha desde 2012 numa colecção de peças coreográficas dedicadas a um orifício do corpo. Delirar a Anatomia baseia-se no estudo da anatomia, da fisiologia e da paleontologia para, com a distância crítica necessária, rebeliar o corpo das funções ditadas. Fazem parte da colecção: Sonho D’Intestino, dedicado ao ânus e órgão conexo; Orifice Paradis, dedicado à boca-vagina; e duas novas peças, Palco, uma homenagem ao joelho e Pavilhão, ao ouvido, que terão estreia absoluta em Santarém. Em estreia estará também a nova peça de Carlos Manuel Oliveira, do desconcerto, por um lado / da aventura, por outro. Não se focando em nenhuma parte do corpo em especial, explora-o enquanto campo de conhecimentos, da mais simples organização do toque à problemática negociação do comum. O trabalho será desenvolvido e apresentado na (sua) antiga escola primária de São Salvador, agora INcubadora D’Artes, propondo reflectir sobre aprendizagem e transmissão dos saberes. Para concluir e encerrar o ciclo contaremos com uma derradeira estreia, o lançamento de um novo disco do pianista Simão Costa, que aceita aqui o desafio de preparar o piano Steinway do Teatro Sá da Bandeira para um concerto tecno acústico sem lugares sentados. 

16 JUNHO (sexta-feira) - TSB - 21:30

Colecção DELIRAR A ANATOMIA de Ana Rita Teodoro
Palco (ESTREIA) 
Pavilhão (ESTREIA) 

22:30 

Conversa com Ana Rita Teodoro, Carlos Manuel, Ana Bigotte Vieira, Pedro Barreiro e João dos Santos Martins


17 JUNHO (sábado) 
17:00 - INCUBADORA D’ARTES

do desconcerto, por um lado / da aventura, por outro (ESTREIA) de Carlos Manuel Oliveira

21:30 - TSB

Colecção DELIRAR A ANATOMIA de Ana Rita Teodoro
(60’|M16)
Orifice Paradis (2012)
Sonho d’Intestino (2013) 

23:00 - TSB
Beat Without Byte (ESTREIA) de Simão Costa
Concerto de encerramento, pré-lançamento de disco

Colecção DELIRAR A ANATOMIA		
“No Mestrado em Dança (2011/2013) no CNDC de Angers, iniciei uma pesquisa em torno do corpo nomeado pela disciplina de Anatomia. A pesquisa resulta na criação de uma Colecção de peças de dança, a que chamo de homenagens-dançantes, dedicadas aos orifícios do corpo. Trata-se de uma colecção de estudos febris, desenvolvidos em camadas de leitura, observação, experiência empírica, escrita e composição coreográfica que procuram desvendar os segredos escondidos na constituição física e assim rever funções destinadas e relações pré-estabelecidas. A Anatomia é a disciplina que nomeia as partes do todo, segmenta e estabiliza. O delírio acontece nas acções de isolar, sobrepor ou multiplicar as funções de uma parte nomeada. Esta entra em crise, revela a sua autonomia e renova relações. Deste modo, compõem-se coreografias do sensível onde a palavra e a dança são a entrada privilegiada para uma outra-anatomia.” Ana Rita Teodoro		

Palco | Pavilhão (2017) Conceito Ana Rita Teodoro Interpretação e criação Ana Rita Teodoro e Bernardo Chatillon Produção Associação Parasita Residências artísticas CN D, Pólo Cultural das Gaivotas, Espaço do Tempo, Teatro Sá da Bandeira/Parasita, Mala Voadora.Porto Coprodução Parasita, Teatro Rivoli, CN D, Fundação Geral das Artes Apoio GDA 
Sonho d’intestino | Orifice Paradis (2012|13) Criação e performance Ana Rita Teodoro Produção CNDC Angers, Associação Parasita

Mestra em “Dança, Criação e Performance” pelo CNDC de Angers e a Universidade Paris 8 (2011/2013), Ana Rita Teodoro desenvolveu como pesquisa a criação de uma “Anatomia Delirante”. Em 2002 foi aluna do Curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança e em 2015 do curso de Coreografia organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Participa activamente nos exercícios do c.e.m., onde desencadeia o estudo do corpo via a anatomia experiencial, a filosofia e o cruzamento pluridisciplinar, com Sofia Neuparth em particular, entre outros. Em 2007/2010 fez o Curso de Instrutores de Chi Kung, da Escola de Medicina Tradicional Chinesa de Lisboa. O butoh de Tatsumi Hijikata tem sido uma das suas áreas de maior investimento artístico. Desde 2007 que participa em diferentes workshops liderados por artistas e pesquisadores como Tadashi Endo, Sankai Juko, Torifune, Akira Kasai, Min Tanaka, Yoshito Ohno, Patrick De Vos e Christine Greiner. Recentemente (2015) recebeu a Bolsa de Aperfeiçoamento Artístico da Fundação Calouste Gulbenkian para voltar ao Japão e estudar com Yoshito Ohno e para o ano de 2016 desenvolve uma pesquisa em torno da prática do Butoh com o apoio do CN D (Pantin), Aide à la recherche et au patrimoine en danse, a ser exposta no início de 2017. Desde 2009, Ana Rita Teodoro criou as seguintes coreografias a solo: MelTe (2009), Curva (2010), Orifice Paradis (2012), Sonho d’Intestino (2013) e ASSOMBRO (2014-15). Trabalha em diversos projectos pontuais com artistas como Sofia Neuparth, Márcia Lança, Laurent Pichaud, João dos Santos Martins e Marcela Santander Corvalàn.

“do desconcerto, por um lado / da aventura, por outro” é a primeira de uma série de incursões à relação entre acto e conhecimento, com que se pretende aferir as dependências entre um e outro em corpos que aprendem e desaprendem, e contrapor a capacidade destes à regulação dos saberes. Perante tal horizonte, cabe-nos a arqueologia de um passado tão próprio quanto comum, pelo qual viemos a incorporar o paradoxo de uma época: acumular sem fim, para uso de uma vida sobre a qual pouco podemos. Interessa-nos, por exemplo, a formação do conhecimento no acto da sua enunciação; de como corpo e contexto, potencia e possibilidade, se entrecruzam para situar o que acontece; ou de como, do desconcerto entre memória e acção, o que é sabido perde sentido. Também há a confusão entre o que se sabe de uma maneira, o que se sabe de outra, e o que não se sabe porque se esqueceu. Coisas da razão, da intuição, e de tantas outras faculdades, entrelaçadas entre si em sinestesias várias. Interessa-nos o desnorte como requisito da aprendizagem, o acaso e a vontade como meios do saber por vir; de como se aprende na ausência de pedagogias, e de como com isso se criam singularidades. Há o inconsciente, do qual pouco se sabe, e há também o outro, com O grande ou nem tanto. Encontros fartos de estranheza e amplitude, quase além do reconhecimento senão mesmo. Este é, enfim, um estudo sobre a própria condição do estudo.
Carlos Manuel Oliveira

Uma peça de Carlos Manuel Oliveira, co-criada com Daniel Pizamiglio, e actuada pelos dois. Com cenografia de Tiago Gandra, e alguma colaboração de Ana Trincão. Uma produção Mundos sem Fundos, em co-produção com Associação Parasita. Criada em residência n’O Espaço do Tempo em Montemor-o-Novo, no Musibéria em Serpa, na Incubadora d’Artes em Santarém, na Subud em Bucelas, no Centro Ciência Viva do Alviela pela Materiais Diversos, e no 23 Milhas em Ílhavo.

Carlos Manuel Oliveira é Doutorado pelo Programa UT Austin | Portugal com a tese “Objectos Coreográficos: Abstracções, Transducções, Expressões”; é Bacharel em “Dança Contemporânea: Coreografia e Contexto” pela Universidade de Artes de Berlim; e é Mestre em Estudos do Ambiente pela Universidade Nova de Lisboa (poe esta ordem). Frequentou o curso de “Artes Performativas Interdisciplinares e Tecnológicas” do Programa Criatividade e Criação Artística da Fundação Calouste Gulbenkian e o curso de “Criatividade Científica e Investigação Artística” do Laboratório de Antropologia e Dança (AND_Lab). É investigador associado do Centro Inter-Universitário de Dança de Berlim e do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa. Foi professor associado de estudos dos media no Instituto Superior de Tecnologias Avançadas, director artístico do “Novo Circo do Ribatejo” e coordenador nacional do sector de teatro no INATEL. Entre outros, trabalhou e estudou com Kattrin Deufert, Thomas Plischke, Boris Charmatz, Gill Clark, Franz Anton-Cramer, Hanna Hegenscheidt, Susan Klein, Wojtek Ziemilski, Alex Baczynski-Jenkins, Litó Walkey, Jonathan Burrows, Marcelo Evelin,  Fernando Romão, João Fiadeiro, André Lepecki, Bruno Pernadas e Urândia Aragão. Actualmente, desenvolve o seu trabalho coreográfico entre a performance, a instalação e a escrita.

Beat Without Byte
“Um concerto com o público em pé, mesmo em lógica de danceteria ou rave, ou o que seja, com o intuito de fazer o público dançar. Em palco 1 piano, 1 pianista, 1 pista de dança, vários públicos e vários dispositivos eletromagnéticos. Zero computadores igual a zero bytes.” Simão Costa

Simão Costa nasceu em 1979. Vive e trabalha em Lisboa. É compositor, pianista e criador de instrumentos/objectos/códigos informáticos. Dos trabalhos mais recentes destacam-se o π_ANO PRE·CAU·TION PER·CU·SSION ON SHORT CIRCUIT para piano solo e as esculturas sonoras interativas C_vib. Tem colaborado com artistas de diversas áreas e práticas. O seu trabalho foi apresentado em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Polónia, Holanda, Reino Unido, Grécia, Itália e Brasil.
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