http://zigurfest.zigurartists.com ~ 30 de Agosto a 2 de Setembro ~ 30 de Agosto - DIA ZERO 16h00 - Primeira Dama - Atrio do Museu de Lamego 16h45 - Talea Jacta - Atrio do Museu de Lamego 18h15 - Sallim - Museu Diocesano de Lamego 21h30 - Luca Argel - Igreja do Desterro 31 de Agosto 17h15 - Coelho Radioactivo – Palco Alameda do Castelo 18h15 - LYFE – Palco Alameda do Castelo 19h15 - Nils Meisel – Palco Alameda do Castelo 21h45 - Madrasta – Palco Parque Isidoro Guedes 22h45 - The Twist Connection – Palco Parque Isidoro Guedes 23h45 - Whales – Palco Parque Isidoro Guedes 1 de Setembro 17h00 - Palmiers – Palco Olaria 18h00 - Acid Acid – Palco Castelinho 19h15 - Maria – Palco Alameda do Castelo 21h30 - Live Low – Palco TRC 22h30 - Nice Weather for Ducks – Palco TRC 23h30 - Gama/Fernandes/Jacinto (Harmonies) – Palco TRC 00h30 - Galgo – Palco Olaria 1h30 - Stone Dead – Palco Olaria 2h30 - BLEID - Palco Castelinho 2 de Setembro 17h00 - The Nancy Spungen X – Palco Olaria 18h00 - Moloch – Palco Castelinho 19h15 - Lama – Palco Alameda do Castelo 21h30 - Calcutá – Palco TRC 22h30 - The Rite of Trio – Palco TRC 23h30 - Alek Rein – Palco TRC 00h30 Pega Monstro – Palco Olaria 1h30 - Chalo Correia – Palco Olaria 2h30 - GPU Panic - Palco Castelinho Sallim A introspeção que Sallim traz até nós é feita de paisagens oníricas, filtros de canela e do indie pop a que a Cafetra Records nos tem vindo a habituar tão docilmente. O saudosismo da música de Francisca Salema faz-se de melodias que chegam devagarinho, letras que nos fazem viajar no tempo sem pedir licença, e um sentimento de leveza que se instala nos ossos e na alma. Isula, o trabalho lançado em 2015 pela editora lisboeta, afirma-se pela quietude e pela intimidade, tendo sido um declarado um dos discos do ano. Luca Argel É na Música Popular Brasileira e no samba que Luca Argel encontra o seu motor de criação, recontando fábulas por entre um imprudente dedilhar de cordas, seja no violão ou na guitarra. A viver no Porto desde 2012, Luca Argel escreve para mais linhas que aquelas que lhe dão, dedicando-se também à poesia e a um Samba Sem Fronteiras, banda da qual é vocalista. “Bandeira”, o trabalho lançado no início deste ano, já se fez ouvir até pelos ouvidos mais inertes. Galgo É a celebração do post-rock com a junção do psicadelismo intrínseco e ainda a adoração de ritmos ternários que tornam Galgo um ser vivo denso, impossível de controlar ou rotular. O paganismo da banda de Oeiras é o ingrediente perfeito para a auto-descoberta e para a libertação da alma, para que possa, também ela, dançar sem preconceitos. O disco que os colocou na estrada e nas bocas do Mundo, “Pensar Faz Emagrecer”, é o repertório que fazem chegar até nós em Lamego, quando o sol estiver disposto a ir. Madrasta Ativos desde 2013, os Madrasta têm vindo a reescrever o post-rock à sua mercê, acrescentando-lhe paisagens cinematográficas, texturas banhadas em psicadelismo e estórias sem voz que falam por si só. O primeiro longa duração, “Matiné”, surgiu no final do ano passado, levando-os aos cantos mais inusitados do país. Nice Weather For Ducks Os leirienses Nice Weather for Ducks são especializados em trazer o bom tempo para os palcos por onde têm passado. Referidos como uns “Animal Collective com canções”, os Nice Weather são a banda perfeita para aquelas noites quentes de Verão, onde as suas canções se impregnam no nosso cérebro como caramelos se colam aos nossos dentes. Com “Love Is You And Me Under The Night Sky” editado em 2016, atingiram um maior nível maturidade nas suas experiencias sonoras em que aliaram a base rock a géneros como a world music e a eletrónica. Depois de passagens pelo Festival Bons Sons, o CCB e o Vodafone Paredes de Coura, os Nice Weather aterram em Lamego e prometem trazer as melhores vibes ao palco do Teatro Ribeiro Conceição. BLEID Fundadora da Cratera, autora do programa Operation Mindfuck na Rádio Quântica e presença regular nas noites Príncipe, BLEID tem devastado corpos e palcos um pouco por todo o lado com um groove que diz tanto ao techno e aos territórios mais densos do ambient e do drone, como à liberdade gingona da música africana. Prolifera na composição e na produção dos seus sets, BLEID prepara os seus live acts de propósito para cada line-up em que se insere, adaptando-se a cada contexto e tornando as suas actuações em momentos únicos, imperdíveis e cheios de feeling. Moloch Os Moloch são uma amalgama sonora em que se perfilam Luís Soares, André Martins e João Silveira, voz que já conhecemos de Burgueses Famintos. “Betta Splendens” o primeiro registo de estúdio dos Moloch foi lançado em Junho deste ano e congrega em si uma bonita confusão de noise/punk/rock inspirada pelo pulsar da beat generation que ganha voz, por intermedio dos poemas de Allen Gingsberg ou de William S. Burroughs. É justamente este primeiro trabalho que os Moloch vêm a Lamego apresentar depois de terem passado pelo Reverence Valada e pelo Sabotage em Lisboa. Whales As más línguas diriam que temos um claro fascínio por baleias e afinal de contas temos mesmo. Nadadores exímios das mais vastas correntes da indie music (tanto nos campos do rock como da electrónica), os Whales apresentam-se como um caso auspicioso no contexto das novas bandas nacionais. Vencedores do Festival Termómetro em 2015 (o mais antigo concurso de música em Portugal) e Novos Talentos FNAC em 2016, chegam a Lamego depois de correram o país a pisar palcos como o Musicbox Lisboa, o Maus Hábitos, o NOS Alive, o Indie Music Fest ou mesmo o Festival Bons Sons. The Twist Connection Os The Twist Connection são a prova irrefutável de que menos é mais. A receita é simples: bateria, baixo e guitarra, e deu origem a um dos melhores discos que ouvimos em 2016. Liderados por Carlos Mendes, que todos temos a obrigação de conhecer como Kaló (Tédio Boys, Wray Gunn, Bunnyranch ou dos Parkinsons), convocou para o seu lado Samuel Silva (Jack Shits e Los Saguaros) e Sérgio Cardoso (É Mas Foice e Wray Gunn), e juntos recuperaram alguma da moribunda escola de rock ‘n’ roll de Coimbra, aliando-a a influencias garage e punk, que entrecruzam e servem com riffs que nunca perdem o swing e o groove. Maria Já se sabe que deste lado olhamos para a dança e para todos os movimentos do corpo como a melhor forma de purga. Foi a pensar nisso mesmo que resgatámos aos subúrbios este Maria, de seu verdadeiro nome David Almeida e um dos mais recentes afiliados da Monster Jinx. Longe de ser novato nestas andanças – despontou primeiro como Muddo, já depois de ter chamado a atenção com o projecto a2p, - tem dado que falar pela fusão contagiante de hip-hop com house que se ouve em “Isto nem é uma Beat Tape EP”. Gravada no que o próprio apelida de lugar em que beber um café à meia-noite pode ser difícil, Maria e os seus beats oscilam entre a Detroit de Jay Dilla e Omar S, a disciplina germânica e os breaks do Reino Unido. Um mimo. Calcutá Calcutá é uma banda lisboeta liderada por Teresa Castro, jovem guitarrista que os mais atentos poderão ter visto ao serviço dos imprescindíveis Mighty Sands (ex-Los Black Jews). A sua posição como compositora foi pacientemente cimentada, primeiro com aparições a solo, depois rodeada de uma mui competente banda de amigos. De há dois anos a esta parte que tem sido presença assídua nos palcos nacionais, com destaque para os concertos no Serralves em Festa e no NOS Alive, muito graças ao veludo que veste o seu ghost-rock psicadélico, e que mais recentemente ouvimos ecoar no EP de estreia “Over Night”. Fãs de PJ Harvey, alistem-se e realistem-se para este momento solene. Alek Rein Esta é uma história com um final feliz. Quatro anos depois de nos apaixonarmos por “Gemini” e um ano depois de irmos aos píncaros com “Mirror Lane”, Alek Rein vem finalmente a Lamego para nos apresentar as canções que, tal como o Cheshire Cat de Alice, parecem saídas do País das Maravilhas. O heterónimo musical de Alexandre Rendeiro chega até nós acompanhado por uma banda fora de série para nos levar até “Mirror Lane”, disco-delícia de folk-psicadélico que marcou presença nas listas de álbum do ano de quase todas as publicações especializadas no ano passado e que não anda nada distante do melhor Elliot Smith, indo do mais elétrico ao puramente introspetivo com a facilidade que só os grandes conseguem. LYFE Madlib, J Dilla, dB, Ali Shaheed Muhammad, The Roots, LYFE. Em comum, o gosto pelo boom-bap que resgata o beat escondido por entre as rimas para o deixar numa posição central em criações instrumentais groovadas, às vezes de aura psicadélica, improvisada, e quase sempre a acenar a outros géneros além do hip-hop. É assim LYFE, beatmaker lamecense que faz do MPC a sua arma de eleição para arrancar ao ar grooves chillados, ambientes próximos da vaporwave e uma descontração generalizada que promete fazer-se sentir durante o seu set. Nils Meisel Criador compulsivo e visionário, Nils Meisel é um dos mais crípticos e originais produtores a actuar em Portugal. Com uma capacidade de improvisar e trabalhar sobre o erro fora do comum, é comum vê-lo pular com destreza entre o ambient e o acid-house. Mas é quando trabalha sem rede e sem géneros que nos deixa deslumbrados pela sua capacidade de ouvir o que mais ninguém ouve. À semelhança do que fazem os japoneses Boredoms, trabalha sob repetições constantes e circulares, modelando de forma quase microscópica a sua música, num exercício notável de manipulação rítmica, sonora e mental. Primeira Dama Elemento fundador da Xita Records e escritor de canções notável e exímio, Primeira Dama é Manuel Lourenço. Camaleónico na voz, corpo e espírito, tem-se servido do piano e de uma escrita apuradíssima para encantar todos com quem se cruza com histórias de amores, desamores e outras vicissitudes do quotidiano. Apesar de jovem, apetece dizer que há nele um pouco de todos os grandes cantores nacionais, de Variações a Afonso a Oliveira, encontrando ainda espaço para albergar a candura melancólica de Marc Bolan. Talea Jacta Encontro de almas muito possivelmente concretizado em sonhos antes de saltar para esta dimensão, Talea Jacta são Pedro Pestana (10000 Russos, Tren Go! Sound System) na guitarra e João Pais Filipe (HHY & the Macumbas, etc) na bateria e percussões. Difícil de definir pela fluidez com que se movimentam entre géneros, talvez valha a pena situá-los num meio caminho entre o krautrock e o dub para nos orientarmos – ainda que eles arranjem espaço para explorar tudo o que fica pelo meio. Diálogo essencialmente espiritual, que encontra tradução sob a forma de uma música que ainda ninguém ouviu, mas que já pertence a todos nós. GPU Panic Projecto paralelo de Tomé Ribeiro (Salto) e ex-alumni da Red Bull Music Academy, os trilhos de GPU Panic não andam distantes do downtempo preconizado por luminários como Mr. Herbert Quain, Massive Attack, entre outros. Com um EP e uma mão cheia de temas editados virtualmente, rapidamente chamou a atenção sobre si graças aos temas pegajosos e cheio de detalhes, que se desdobram em paisagens lânguidas e ricas em melodias – isto é, verdadeiros earworms que teimam em não nos sair da cabeça e do corpo. Ouça-se “Escape Route”, o mais recente dos singles do produtor maiato, e perceba-se porque é que é difícil escapar a este vício. Coelho Radioactivo Como esquecer o Um ao Molhe em que este Coelho hipnotizou tudo e todos os que marcaram presença no Teatro Ribeiro Conceição? É verdade que já lá vai mais de um ano sobre esse momento, e quase três desde o lançamento do emocionante “Canções Mortas” (um dos discos de 2014 para o Ípsilon e outras publicações especializadas), mas tendo em conta a hiperactividade de João Sarnadas no seio da Favela Discos e noutros projectos paralelos, não podemos senão ceder à curiosidade que rodeia o regresso à sua persona mais intrigante, e a um dos autores mais apetecíveis do nosso país. Senhoras e senhores, aqui está o Coelho Radioactivo. P A L M I E R S Ainda que a atravessar um período menos esclarecido em relação ao género, Portugal, qual São Francisco ou Pernambuco, habituou-se a tratar o psicadelismo por tu. Ouvimo-lo a jorrar dos decibéis do rock, mas também em composições eletrónicas e jazzísticos, numa permeabilidade que lhe permitiu ser intrínseco à nossa cultura musical coletiva. Que o digam os Palmiers, power-trio que gosta de fazer mais com menos, numa aproximação curiosa à desconstrução e tropicalidade ouvida nos Battles. Chegam a Lamego para mostrar de que são feitas as malhas que tecem o novo e aguardado disco de estreia. Pega Monstro Força vital do novo rock feito por cá e instigadoras do parte-tudismo em palco, o crescimento das manas Reis tem sido um feito admirável de assistir. Com “Alfarroba” e “Casa de Cima” editados na britânica Upset The Rhythm, mostraram o gosto pelas canções feitas com tanto de punk como de shoegaze, com um carinho especial pelas melodias e como há muito não se via. Acreditem: nas suas mãos os instrumentos são delicadas armas de destruição maciça. Chegam finalmente a Lamego depois de tours no Brasil e na Europa, onde andaram à boleia de Panda Bear ou Animal Collective. CHALO Correia A cidade arrisca-se a nunca mais ser a mesma depois da passagem do luandês Chalo Correia pelas suas ruas. Verdadeiro combustível feito pessoa (ou pessoa feita combustível), leva uma carreira de 25 anos a escrever, compor e a levar canções a todos quanto as queiram sentir no corpo - isto apesar de ter apenas dois discos editados. “Kudiholola” e “Akuá Musseque” são, cada um à sua maneira, indutores de transe perene que se servem do semba, do kuduro e outros ritmos quentes que nos são cada vez mais próximos para fazer a festa mais rija que já viram. Acid Acid Verdadeiro xamã moderno e homem de talentos vários, é difícil perceber onde acaba Tiago Castro e começa Acid Acid e vice-versa. Dono de uma carreira que apesar de curta já exibe a consistência de quem anda nisto há décadas, aborda cada subida ao palco como uma oportunidade para a experimentação e a criação. Em palco, ouvimo-lo como em disco: em toda a sua plenitude, de guitarra e sintetizadores ao peito, numa tentadora aproximação ao kraut de Manuel Gottsching e ao ambient de Harmonia ou Cluster. Palavras como transe ou viagem são apenas isso, palavras que não fazem jus à experiência que é cair neste caldeirão de ácido. The Nancy Spungen X Por mais atestados de óbito que lhe tentem passar, o punk encontra forma de enganar o destino final. Que os digam os minhotos The Nancy Spungen X-perience, colectivo de formação variável (da sua página consta um total de 15 membros) cuja sonoridade e postura que nos faz lembrar os dUAS sEMI cOLCHEIAS iNVERTIDAS ou os nova-iorquinos Dowtown Boys. Sob a égide da liberdade – notória pela afiliação ao espaço sem regras que é o Projéctil, em Braga -, descrevem-se como um musical de ficção científica sobre uma nave espacial cheia de monstros, fracassados, palhaços manhosos e outras personagens malditas que merecem uma página na história deste festival. Live Low Criação solitária de Pedro Augusto (um dos cabecilhas do colectivo Faca Monstro), mas rapidamente alargada a banda com a inclusão de Gonçalo Duarte (Equations), Miguel Ramos (NACO, Hitchpop, Torto) e Ece Canil, os Live Low serão porventura o rosto mais visível do que doravante chamamos de cancioneiro contemporâneo português. Dizemo-lo não só pela curiosa adaptação de “Lembra-me um sonho lindo” de Fausto, mas pela forma como conseguem traduzir a melancolia portuguesa (deve-se ler saudade?) numa música que é ao mesmo tempo hipodérmica e hipnótica. Viajemos ao som deste Sol, sem medos de queimar. The Rite of Trio Jambacore parece coisa vinda do espaço, mas o termo cunhado pelos The Rite of Trio serve na perfeição para traduzir a sonoridade que o trio tem vindo a apurar desde o lançamento de “GETTING ALL THE EVIL OF THE PISTON COLLAR”. Sem apontar para um género, preferem procurar (e unir) as pontas soltas entre o jazz atmosférico de Miles Davis, o rock de Zappa ou o lado mais funk dos Weather Report, os The Rite of Trio têm trilhado o seu caminho com segurança. Aparições no Serralves em Festa, na Culturgest ou no Meaazz têm cimentado o entrosamento cada vez mais feérico e oleado do trio, que sabe fazer uso da improvisação como meio de olhar o futuro diretamente nos olhos. Stone Dead Por mais que vos tentem convencer do contrário, este quarteto de Alcobaça veio mesmo por bem. São, afinal, bons rapazes cujo único pecado é a adoração ao rock. Verdadeira locomotiva que tem gosto em deixar sangue, suor e lágrimas em palco, os Stone Dead chegam a Lamego com toda a genica angariada após uma tour europeia onde demoliram palcos um pouco por toda a parte com os Kilimanjaro. Afinal, a música movida a cerveja e outros aditivos destes rapazes é permeada por estruturas orelhudas que não são alheias a uma certa ideia de pop - os refrães senhor, os refrães, - que nos fazem olhar para lá da descarga decibélica e feérica dos Stone Dead. Harmonies (Joana Gama, Ricardo Jacinto e Luís Fernandes) Criado como um canal ad-hoc para homenagear Erik Satie e entretanto promovido a banda de direito próprio, Harmonies é o nome do espectáculo que junta em palco Luís Fernandes (electrónica), Joana Gama (piano) e Ricardo Jacinto (violoncelo). O trio juntou-se pela primeira vez em 2015 e desde então que se tem apresentado por toda a Europa sob a égide de Satie, numa ponte entre o classicismo sereno do pianista e a vanguarda electrónica de John Cage. Apesar da ligação a uma dimensão dita erudita, o trabalho do trio aproxima-se sem medo dos terrenos do jazz e das vertentes mais livres do mesmo para materializar paisagens etéreas e extremamente ricas em detalhes, melodia e cadência. LAmA João de seu nome, Shela para os amigos, é teclista de encantos vários e sensibilidade fora do comum. Costuma dizer que o seu trabalho nasce apoiado na intuição de que a música já lá está e nós servimos apenas como veículo para a tornar mais concreta. Algo que nos deixa, quer como executantes, quer apenas como ouvintes, no papel de intérpretes no verdadeiro sentido da palavra - cada um interpreta, à sua maneira muito singular, aquilo que já existe sob outra forma. Talvez por isso seja possível ouvir nele tanto de prog como de pop como de jazz, num estilo que é só seu e não conseguimos - nem queremos - encontrar em mais ninguém. Traz-nos o doce "Rubato", disco construído em família e que, como o próprio Lama, é capaz de iluminar o mundo em redor só pela sua presença. // PALCOS: Palco Castelinho É público o nosso gosto pela fisicalidade (leia-se dança) e a preferência que damos à proximidade entre público, artistas e cidadãos. Foi precisamente por isso que criámos o Palco Castelinho num dos muitos cantos da secular Olaria. Para podermos surpreender os incautos que dobram a esquina com um concerto, para dançar ao som de Niagara, Sabre ou Mr. Herbert Quain sem pudores, para ver o stage-diving dos Plus Ultra, para descontrair com os Tresor&Bosxh e até para emperrar o pescoço no headbanging dos Serrabulho. Aqui, vale tudo e estamos de bem com isso. Palco TRC Chamar-lhe o palco de todos os sonhos é um gigantesco cliché, mas é precisamente o que vamos fazer. Afinal foi aqui que tudo começou. Foi aqui que vimos os peixe:avião, os Gala Drop, os Pop Dell’Arte, os Ermo, os Sensible Soccers, os Morsa, o BlacKoyote, os Norberto e João Lobo e um sem fim de concertos que, só por causa deste cenário, parece que correm sempre melhor. Há muito que é a nossa segunda casa e é assim que queremos que vocês o sintam também: como um lar onde tudo pode acontecer. Palco Olaria Há muito que o pequeno largo do Palco Olaria funciona como uma espécie de ponto de encontro central para quem circula na cidade. Uma faceta que se exponencia visivelmente durante o festival e que só encontra paralelo no frenesim de estilos, géneros e linguagens que se encontram em palco durante aqueles dias. Jazz, hip-hop, rock e música declaradamente experimental convivem pacificamente aqui todos os anos, entre si e para si, mas principalmente para todos os que por aqui passam e escolhem ficar. Palco Castelo Não podíamos pensar em melhor sítio para começar esta aventura convosco. Qual varanda sobre a cidade de Lamego, o Palco Castelo parece feito à medida de todos os sonhos que já tivemos com concertos ao fim da tarde. Em forma de anfiteatro, relvado com fartura e uma paisagem de perder o fôlego, foi o cenário ideal para os exercícios ambientais da Desterronics e este ano prepara-se para receber os concertos mais íntimos do festival. Palco Alameda (Parque Isidoro Guedes) Por esta altura poucos se recordarão, mas após as obras de recuperação na viragem do milénio, esta mesma Alameda (originalmente construída em 1637) acolheu concertos de gente como a fadista Mariza, os saudosos Da Weasel e até uma espécie de versão 0.2 do que é agora o TRC ZigurFest. Não é de estranhar, portanto, que este seja um dos palcos que há mais tempo queremos erguer. Afinal, a relação com a música nunca desapareceu, as árvores frondosas resguardam-nos do tempo agreste do verão, o relvado omnipresente nunca falha em oferecer aquele conforto veraneante e o formato de anfiteatro que deixa caber toda a gente. O TRC ZigurFest começa aqui e agora. // PALCOS DIA ZERO: Capela do Desterro Erguida nos idos de 1640, a Capela do Desterro é um daqueles tesouros escondidos que, afinal, está à vista de toda a gente. Património histórico votado a uma espécie de abandono até há menos de uma década (altura em que foi intervencionada pelo Museu de Lamego), a Capela do Desterro está decorada com várias pinturas do século XVIII e é forrada integralmente a talha dourada – um pormenor que a torna única no país. O seu porte discreto não faz justiça aos mundos dentro de um mundo que se encontram lá dentro. E no dia 30 de Agosto, entra mais um: Luca Argel. Museu de Lamego O TRC ZigurFest também é isto: regressar aos locais onde fomos felizes uma e outra vez, para lhe mudarmos a face, o propósito e as suas rotinas habituais. Foi assim em 2012 e será assim em 2017, quando ocuparmos novamente o átrio do Museu de Lamego para um concerto. Instalado no antigo Paço Episcopal da cidade, num edifício reconstruído na segunda metade do século XVIII, o Museu de Lamego alberga obras singulares para a compreensão histórica desta região. Um sarcófago medieval, os painéis que Vasco Fernandes pintou para a Sé de Lamego no século XVI ou as tapeçarias flamengas da mesma época são algumas das peças em exposição. A 30 de Agosto, Primeira Dama e Talea Jacta juntam-se a esta notável coleção. Museu Diocesano Recentemente reaberto ao público depois de várias décadas de inactividade, o Museu Diocesano - também conhecido na cidade como Casa do Poço - funciona como uma extensão arquivista e histórica dos trabalhos desenvolvidos pela igreja na cidade de Lamego e arredores. São vários os traços arquitectónicos que apontam a sua construção original para o século XII, embora tenha sofrido alterações consoante o propósito que servia. Hoje, assume uma faceta claramente sacra desta Casa, mas exibe uma admirável vontade de se tingir de alguma profanidade sempre que possível. Depois de aqui cantamos loas de natal com as Sopa de Pedra, acolhemos a intimidade lo-fi de Sallim.