O convite soa ainda mais alto, quando os convidados que temos para passar discos são dois figurões que, desde há muito, transpiram um entusiasmo musical que é impossível ignorar. Falamos pois de Vitor Belanciano e Miguel Sá.
Vítor Belanciano é, no nosso país, um sinónimo de crítica cultural e análise social feita com cabeça e sobeja graça. Belanciano é um dos nomes de proa do Público e do suplemento Ípsilon, e, tanto quanto sabemos, foi talvez o único jornalista português com direito a passear com Lana del Rey por Lisboa.
Já Miguel Sá é uma daquelas pessoas que dificilmente conseguimos imaginar sentado no sofá, tal é a abundância de projectos em que se encontra constantemente envolvido: desde o duo de DJs TRA$H CONVERTERS às participações várias nos Sabaduos podcasts, passando também pelo seu trabalho fulgurante na loja e distribuidora Matéria Prima.
Estamos certos que a experiência de ambos contribuirá para que a Avenida fique mais cheia de óptimas canções. Mas antes disso aqui vão umas quantas perguntas.
Vitor Belanciano
VIRAL: Qual foi o disco que mais vezes referiste como super influente na tua vida e qual foi aquele que te esqueceste sempre de mencionar?
Vitor Belanciano: O disco mais mais influente para mim foi o Remain In Light dos Talking Heads. Aquele que me esqueço sempre de mencionar é o What’s Going On do Marvin Gaye.
Detectas sempre referências ao passado nos músicos mais novos ou estes ainda são capazes de te surpreender?
O novo só existe a partir do caos de referências do passado. Por isso, sim detecto, e surpreendo-me à mesma.
Que tipo de música vais mostrar-nos no 5.ª à Avenida?
Swing com um sorriso nos lábios.
Miguel Sá
Viral: Olá, Miguel. Como te irás preparar para este Cutty Cocktails?
Coloquei de parte uma série de discos que considero marcantes para difusão na Avenida da Liberdade.
És conhecido pela naturalidade com que alternas entre os mais diversos registos. Imaginemos que recebias um convite para passar música no funeral do Hugh Heffner: aceitarias? Que discos colocarias de imediato de parte para levar?
Sim, sem pestanejar. Levaria esta escolha que fiz para o Cutty Cocktails e assim consolar um sem-número de viúvas.
Tens ideia de qual terá sido o Single que mais vezes te passou pelos dedos em vistoria dos muitos caixotes que já terás inspeccionado? Por acaso não foi “O Baile dos Passarinhos”?
Quem me dera! Esse nunca me passou pelas mãos, infelizmente.
Que conselho deixarias às pessoas que, no seu consumo de música, dificilmente escutariam um disco com mais de 20 anos?
Desaconselhava que o fizessem pois causaria um abalo de irrestritas consequências nos alicerces musicais dessas pessoas.