19:00
Fake Extreme Art / making of #4 Helge Meyer

Fake Extreme Art / making of #4 Helge Meyer

Grátis
PT

A próxima performance será Making of #4 com Helge Meyer (Alemanha)
no Sábado 30 de outubro
19h00
Irá acontecer no parque de estacionamento do Prata Riverside Village, perto da Praça 25 de Abril, no Braço de Prata
Entrada livre
As performances são registadas em vídeo com um público convidado (Making of)
Os registos são editados e preparados para serem exibidos digitalmente na website da galeria com estreias mensais


*parceria institucional República Portuguesa – Ministério da Cultura, Câmara Municipal de Lisboa
*apoio da Plataforma P´LA ARTE e da Vic Properties
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Vamos apresentar uma performance de Helge Meyer neste novo ciclo de Fake Extreme Art.

Este ciclo pretende apresentar arte estimulante e de vanguarda, mas – e também esclarecendo o uso do termo fake – pretende enfatizar que, quando se propõe arte, não nos dispomos a apresentar objetos categóricos, antes pelo contrário, é proposta uma arte experimental e que funciona com dúvidas.

No próximo evento, apresenta-se a performance “As Long As I Love You”, que vai acontecer num parque de estacionamento de Lisboa (mais detalhes na informação anexa). Esta performance de Helge Meyer, da qual fará parte um trabalho de corpo, denso e de limite físico, conta também com momentos de humor kitsch e tragédia. A interação com materiais simples criará uma imagem melancólica de perda e de deterioração.

Helge Meyer formou os grupos de performance System HM2T, com Marco Teubner, em 1998, e desde 2000 está associado aos Black Market Internacional. É um performer que nasce na Alemanha e que já a apresentou o seu trabalho na Europa, Ásia, Canadá, América do Sul, Austrália e EUA.

Helge Meyer, quando realiza performances a solo, usa muitas vezes imagens de dor e sofrimento. Estas imagens são recriadas pela transformação do corpo a partir de pequenos elementos, ou sugeridas com impressões em folhas, e funcionam como metáfora para o conteúdo sobre o qual quer falar. Pode ser um conteúdo muito pessoal, ou social ou político. Uma das características importantes das suas propostas artísticas é a Colaboração. O humor surge em momentos inesperados e frequentemente o público funciona como um coautor.

A questão da dor é trabalhada como sensibilidade comum, trauma e transcendência.

 

“O meu principal objetivo é encontrar um nível de comunicação real entre os seres humanos”, diz-nos. 

 

Há dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela!

 

“Por detrás da Alegria e do Riso, pode haver um temperamento vulgar, duro e insensível. Mas, por detrás do Sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do Prazer, a Dor não tem máscara. A verdade na Arte não é a correspondência entre a ideia essencial e a existência, acidental; não é uma semelhança da forma com a sombra, ou da forma espelhada no cristal com a própria forma; não é o poço de água prateada existente no vale que mostra a Lua à Lua e Narciso a Narciso. A Verdade, na Arte, é a unidade da coisa consigo própria: o exterior tornado expressão do interior: a alma incarnada: a união do corpo com o espírito. Por esta razão, não há verdade que se compare com o Sofrimento. Às vezes, o Sofrimento parece-me ser a única verdade. Outras coisas podem ser ilusões dos olhos ou do apetite, feitas para cegar um e enfartar o outro, mas foi do Sofrimento que as palavras foram feitas, e há dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela.” 

 

Oscar Wilde, no livro De Profundis, relata quase de forma iniciática o valor da Dor aquando da sua prisão, devida a um escândalo social encenado em que foi acusado de sodomia.

 

“Tentei aqui colocar uma notícia de política aleatoriamente, de um jornal, para criar mais estranheza neste texto, mas acabei por não conseguir utilizar nenhuma notícia (havia alguma coisa sobre o Orçamento de Estado, que não era muito objetivo).”

 

Há dor no nascimento de uma estrela?

 

É espantosa, e uma coincidência histórica, a relação que Helge Meyer tem com Portugal através de Mário Cesariny. Situação de que poucos têm conhecimento. No ano 2000, Cesariny decide extrair os seus últimos três dentes, para se livrar da dentição, justificando que assim se sentia melhor e que tal condição se adequava ao seu estado de alma e à sua idade.

Havia uma linha do tempo que via como sua – uma eternidade não mastigadora. O encontro do homem com o mundo, que ocorre dentro da boca aberta – esta mordaz e despedaçadora boca, mastigadora boca.

A boca é um dos mais antigos e importantes objetos do imaginário e do pensamento humano. O homem prova o mundo, experimenta o mundo comendo-o, introduzindo-o dentro do seu próprio corpo, tornando-o parte de si mesmo. O encontro do homem com o mundo no ato de comer é alegre, triunfante; o homem é ávido e triunfa sobre o mundo, devorando-o sem ser devorado.

Triunfo que Mário Cesariny, em determinada altura, pôs de lado. A sua tinha sido uma boca arregalada de dentes grandes e brancos, uma boca dedicada à poesia.

Helge Meyer, grande amigo do poeta, símbolo maior do surrealismo português, quando soube que Cesariny se ia ver livre destes dentes, propôs, como tributo, um transplante dos mesmos.

O dentista que supervisionou esta transformação entre dois performers foi Wolf Vostell, dentista e também reconhecido colecionador de arte. 

 

Estamos convencidos de que foram mesmo Helge e Mário Cesariny que cumpriram esta troca de dentes, numa espécie de relato continuado, geracional, que eleva um ato de grande coragem corporal, um ato poético que emerge e enfatiza o desgaste do corpo pela idade. Temos a certeza quase absoluta de que foi assim que se passou…

Sabemos que a extração dentária pode ser um procedimento que assusta um pouco. Dentes são séries, módulos de transformação de energia – o testemunho e a velhice. A passagem de testemunho. Sonhar com dentes.

Helge Meyer arranca assim três dos seus dentes bons e recompõe a boca com os dentes de Cesariny.

Mário Cesariny de Vasconcelos foi poeta e pintor. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador das atividades surrealistas em Portugal. Conhece André Breton em 1947. Rapidamente atraído pelas propostas do movimento surrealista francês, torna-se um dos mais importantes defensores do movimento em Portugal.

Helge Meyer irá apresentar uma performance em Lisboa, e lembrem-se: é o único performer a ter três dentes verdadeiros de Mário Cesariny. Convidamos-vos a assistir à sua intervenção no dia 30 de outubro. Às 19h00.

Ana Lama 

Letónia, 2021

 


EN

The next performance will be Making of #4 with Helge Meyer (Alemanha)
on Saturday, October 30th
19h00
Take place at the Prata Riverside Village car park, near Praça 25 de Abril, in Braço de Prata
Free entrance
The performances are recorded on video with a guest audience (Making of)
The recordings are edited and will be available digitally
on the gallery's website with monthly premieres.

*Institutional partnership Portuguese Republic –Ministry of Culture, Lisbon City Hall
*support  Plataforma P'LA ARTE and Vic Properties
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We will present a performance by Helge Meyer in this new program of  “Fake Extreme Art.”

This series of performances aims to present stimulating and avant-garde art, but just to clarify the use of the term fake, it’s intended to emphasize that, when proposing art, we don't intend to present categorical objects, but rather experimental art works that incorporate doubts.

The next event will be the performance "As Long As I Love You", which will take place in a Lisbon parking lot (see attachment for detailed information). This performance by Helge Meyer, will make use of dense corporal work, and test physical limits,  but will also create moments of kitsch, humor and tragedy. The interaction with simple materials will create a melancholic image of loss and deterioration.

Helge Meyer formed the performance group System HM2T with Marco Teubner in 1998, and has been associated with Black Market International since 2000. He is a German-born performer who has presented his work in Europe, Asia, Canada, South America, Australia, and the USA.

When performing solo, Helge Meyer often uses images of pain and suffering. These images are recreated by transforming the body using small elements, or suggested with printed pages, and they function as a metaphor for the content he wants to discuss.  The content can be very personal, social, or political. One of the important characteristics of his artistic proposals is Collaboration. Humor arises in unexpected moments and often the audience works as a coauthor.

The issue of pain is worked as common sensibility, trauma and transcendence.

 

"My main goal is to find a level of real communication between human beings," he tells us. 

 

There is pain in the birth of a child or a star!

 

"Behind joy and laughter, there may be an ordinary, hard, insensitive temperament, but behind suffering, there is always suffering. Unlike pleasure, pain has no mask. Truth in art is not the correspondence between the essential idea and the existence, accidental; it is not a resemblance of the form to the shadow, or of the form mirrored in the crystal to the form itself; it is not the body of silver water in the valley that shows the moon to the moon and Narcissus to Narcissus. Truth, in art, is the unity of the thing with itself: the outside becoming the expression of the inside: the soul incarnated: the union of body and soul. For this reason, there is no truth that compares to suffering, and at times suffering seems to me to be the only truth. Other things may be illusions of the eyes or of the appetite, blinding one and infuriating the other, but it is from suffering that words surged, and there is pain in the birth of a child or a star." 

 

Oscar Wilde, in his book De Profundis, relates almost in an initiatory way the value of pain at the time of his arrest due to a staged social scandal in which he was accused of sodomy.

 

"I tried to use a random political news story , from a newspaper, to create further strangeness in this text, but I ended up not being able to use any news (there was something about the State Budget, which was not very objective)."
 

Is there pain in the birth of a star?

 

The relationship that Helge Mayer has with Portugal through Mário Cesariny is amazing, and a historical coincidence. A situation that few people are aware of. In the year 2000, Cesariny decides to extract his last three teeth, to get rid of his dentition, justifying that he felt better that way and that such a condition suited his state of mind and his age.

There was a timeline that he saw as his own - a non-chewing eternity. Man's encounter with the world, which occurs within the open mouth - this biting, shattering, chewing mouth.

The mouth is one of the oldest and most important objects of human imagination and thought. Man tastes the world, experiences the world by eating it, by introducing it into his own body, by making it part of himself. Man's encounter with the world in the act of eating is joyful, triumphant; man is eager and triumphant over the world, devouring it without being devoured.

Triumph that Mário Cesariny, at a certain point, put aside. His had been a wide-open mouth with big white teeth, a mouth dedicated to poetry.

When Helge Meyer, a great friend of the poet,  who is regarded as the greatest symbol of Portuguese surrealism, learned that Cesariny was going to get rid of these teeth, he proposed, as a tribute, to have them transplanted.

The dentist who supervised this transformation between two performers was Wolf Vostell, a dentist and also a renowned art collector. 

 

We are convinced that it was really Helge and Mário Cesariny who carried out this exchange of teeth, in a kind of continuing, generational story that elevates an act of great bodily courage, a poetic act that emerges and emphasizes the wear and tear of the body by age. We are almost certain that this is how it happened.

We know that tooth extraction can be a procedure that  can be a bit frightening. Teeth are series, modules of energy transformation - the testimony and old age.. Dreaming of teeth, as the passing of testimony

Helge Meyer thus pulls out three of his good teeth and recomposes his mouth with Cesariny's teeth.

Mário Cesariny de Vasconcelos was a poet and painter. It is also worth mentioning his work as an anthologist, compiler, and historian of surrealist activities in Portugal. He met André Breton in 1947. Quickly attracted by the proposals of the French surrealist movement, he became one of the movement's most important defenders in Portugal.

Helge Meyer will present a performance in Lisbon, and remember: he is the only performer to have three real teeth of Mário Cesariny. We invite you to attend his performance on October 30th. At 7pm.

Ana Lama 

Latvia, 2021
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