Miradouro Panorâmico Do Monsanto
Miradouro Panorâmico Do Monsanto, Parque Florestal De Monsanto - Lisboa
A Galeria Ana Lama apresenta o ciclo Fake Extreme Art em diferentes lugares de Lisboa , com sessões mensais, num formato presencial e digital. A próxima performance será Making of #6 com o Project Heroina (Portugal/ Estónia) A performance será registada em vídeo com um público convidado Os registos serão editados e preparados em colaboração com o realizador Márcio-André de Sousa Haz (https://www.sousahaz.com/), para serem posteriormente exibidos na website da Galeria Ana Lama ENTRADA LIVRE / SUJEITA A INSCRIÇÃO galeriaanalama@gmail.com Projeto Heroína, um coletivo de artes visuais e performance, é composto por uma geometria variada de rostos, rostos que se compõem para cima ou para baixo, em escadinha, numa galeria de pessoas inesquecíveis. O projeto tem como membros iniciais, e que se mantêm em funções, Paul Ramos e Kersti Vallikivi. Em Lisboa, apresentam uma performance que tem como convidado especial Bernardo Rodrigues. As suas performances demonstram uma grande atenção ao retrato psíquico, ao retrato humano, visam enfrentar a terapia negativa que é o desprezo entre humanos, dispõem o humano na performance como um objeto a despir, com um humor absurdo. Deixam ali instalados os corpos e as personalidades nervosas, sublimes, a latejar, como um projeto de terapia de grupo (mas agora sem objetivos que se vislumbrem imediatamente do ponto de vista da saúde pública). Outra das questões formais que podemos ver nas suas performances são os jogos plásticos, como uma espécie de modalidade desportiva, mais uma vez absurda, entre os indivíduos. Aqui mantém-se latente uma beleza, uma beleza que refere a linguagem como se esta existisse em socalcos de conhecimento. Pequenos quadros de ações misturam-se neste dispositivo cénico. Ao modo Cut Up, como fazia William Burroughs na escrita, mas utilizando a disparidade da collage na visualidade e corporeidade, as suas imagens funcionam por uma sobreposição que atinge a consciência do espectador. A não temática das suas performances é aparente, os seus membros demonstram uma apurada prática meditativa a-temática, método que investigaram ao longo de vinte anos e sobre o qual ministraram workshops, método assumido como técnica de pensamento. Incorpora respiração acelerada e euforia, uma espécie de gargalhada teórica, afirmando conclusões em física contemporânea e em filosofia. Na sua investigação artística e no saber que as suas performances apresentam, fazem-nos rever algumas verdades dadas como adquiridas. O Coletivo Heroína está sediado em Manchester. Além de performers, são também curadores de espaços como o Working Man Gallery ou a Black Wall. A Project Heroina foi uma banda punk até 2010, mas moldou-se de um formato musical e de concertos para uma postura crescentemente visual e silenciosa. Referenciam estes trabalhos como «silêncio punk» (a verdade é que desde 1978 muitos vêm reiterando a morte do punk). Sabemos que alguns grupos do movimento punk sofreram alterações e reestruturaram-se numa relativa incorporação no sistema da indústria cultural vigente. A Project Heroina soube manter-se à margem, nunca entrando no circuito comercial. Sabemos que, em 1979, a ascensão ao poder de Thatcher marcou uma inversão e reestruturação no movimento punk, dando-lhe novos desenvolvimentos e contornos: o punk e as suas intenções tinham-se estendido a todo o mundo. O punk cada vez significava mais cabeleiras grotescas à moicano com quinze centímetros de altura, tatuagens faciais, bondages, botas de tropa, Doc Martens. A influência do situacionismo era também um suporte teórico, injetado na cultura popular, particularmente na música punk de meados dos anos 1970. O situacionismo foi usado como ponte para o punk, a teoria sobre o espetáculo de Guy Debord. Com a (falsa) «morte do punk», deu-se a morte das subculturas clássicas — já não havia, assim, a rebelião dos jovens, contra esses vários aspetos da sua existência. Teorias!? Com a falsa morte do punk, a música tende a não se tornar um veículo poderoso para essa rebelião, porque não pode fornecer uma expressão para as suas preocupações. Teorias?! O ponto épico da banda Project Heroina acabou por nem acontecer. Foi cancelado. Teriam sido convidados para ser a banda que iria abrir o concerto de Lou Reed, Perfect Day, em Lisboa, no ano 2000, no Pavilhão Atlântico, concerto que não puderam dar por terem sido obrigados a comparecer nos exames nacionais do ensino secundário, de acesso ao ensino superior. Os integrantes da banda tinham na altura apenas 12, 15, 16 e 13 anos. A instalação/performance que apresentam no Panorâmico de Monsanto será, nas suas palavras, «uma celebração irónica sobre o homem moderno e a civilização humana». Aparte. Nos últimos tempos Paulo Ramos, iniciador do Coletivo Heroína, mudou-se para Manchester, mas nunca subiu ao sótão da sua casa, debaixo da escada que dá para uma porta aberta do mesmo, todos os dias, de manhã, executa aquelas que acha serem as dez principais gargalhadas, a saber, a gargalhada falsa, a gargalhada maligna, a gargalhada histérica, a gargalhada inadequada, a gargalhada de bebé, a gargalhada nervosa, a gargalhada silenciosa, a gargalhada provocante, a gargalhada de etiqueta e a gargalhada contagiante. Ana Lama, Monte dos Caracóis, em Buenos Aires. EN Project Heroina, a visual arts and performance collective, is composed of a varied geometry of faces, faces that are composed up or down, in a staircase, in a gallery of unforgettable people. The project's initial members, who are still active, are Paulo Ramos and Kersti Vallikivi. In Lisbon they will present a performance with special guest Bernardo Rodrigues. Their performances lay special emphasis on portraying psychological aspects, on portraying human aspects, they aim to confront negative therapy which is the contempt between humans; in their performances they employ the human body as an object to be unveiled, with an absurd humor. They stage nervous, sublime, throbbing bodies and personalities, like a group therapy project (but now without immediately visible goals, from a public health point of view). Another recurring formality we can see in their performances are the sculptural games, like a kind of sport between individuals, once again absurd. Here a beauty remains latent, a beauty that refers to language as if it existed in degrees of knowledge. Small frames of action blend into this scenic device. In the Cut Up mode, as William Burroughs used in his writing, while taking advantage of the disparity collage creates in visuality and corporeality, his images function by an overlapping that reaches the spectator's consciousness. The non-thematic nature of their performances is apparent, their members demonstrate a refined a-thematic meditative practice, a method they have researched over twenty years and taught in workshops, a method assumed as a technique of thought. It incorporates accelerated breathing and euphoria, a kind of theoretical laughter, affirming conclusions in contemporary physics and philosophy. In their artistic research and the knowledge their performances present, they make us question some established truths. The Heroina Collective is based in Manchester. Besides being performers, they are also curators of spaces such as the Working Man Gallery or the Black Wall. Project Heroina was a punk band until 2010, but has remodeled itself from a musical and concert format to an increasingly visual and silent stance. They refer to these works as "punk silence" (the truth is that since 1978 many have been reiterating the death of punk). We know that some groups of the punk movement have changed and restructured themselves in a relative incorporation into the system of the current cultural industry. Project Heroina knew how to stay marginal, and never entered the commercial circuit. We know that in 1979, Thatcher's rise to power marked a reversal and restructuring of the punk movement, giving it new developments and contours: punk and its intentions had spread to the whole world. Punk increasingly meant more grotesque Mohawk-like six inch high hair, facial tattoos, bondages, military boots, Doc Martens. The influence of Situationism was also a theoretical underpinning, injected into popular culture, particularly in the punk music of the mid-1970s. Guy Debord's theory of the spectacle was Situationism used as a bridge to punk. With the (false) "death of punk" came the death of classical subcultures - there was no longer, therefore, the rebellion of young people against these various aspects of their existence. Theories? With the false death of punk, music tends not to become a powerful vehicle for this rebellion, because it cannot provide an expression for their concerns. Theories?! The epic point of the band Project Heroina didn't even happen in the end. It was canceled. They had been invited to be the opening act for Lou Reed's concert, Perfect Day, in Lisbon, in 2000, at the Pavilhão Atlântico, a concert they couldn't give because they had to take the national high school exams for access to higher education. The band members were then only 12, 15, 16, and 13 years old. The installation/performance presented at the Panorâmico de Monsanto will be, in their words, "an ironic celebration of modern man and human civilization". Postscript: In recent times Paulo Ramos, initiator of the Heroina Collective, moved to Manchester, but never went up to the attic of his house, under the stairs that lead to an open door of the same, every day, in the morning, he performs what he thinks are the top ten laughs, namely, the fake laugh, the evil laugh, the hysterical laugh, the inappropriate laugh, the baby laugh, the nervous laugh, the quiet laugh, the provocative laugh, the etiquette laugh, and the infectious laugh. Ana Lama, Mount Snail, Buenos Aires. *parceria institucional República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes, Câmara Municipal de Lisboa; Polo Cultura das Gaivotas *Institutional partnership Portuguese Republic – Cultura / Direção-Geral das Artes, Lisbon City Hall; Polo Cultural das Gaivotas
Miradouro Panorâmico Do Monsanto, Parque Florestal De Monsanto - Lisboa