BLOCO

BLOCO é um espectáculo/performance de dança contemporânea que coloca em cena uma bailarina e um pequeno bloco de granito como parceiros incomuns.
Numa espécie de altar asséptico sacrificial, experimentamos com o corpo o que é que aqui, agora, e nas condições actuais conseguimos fazer.
BLOCO. Pesado, estático.
Branco. Lugar virgem, inexplorado
Aqui o lugar | espaço | recinto que nos comprime, é simultaneamente o lugar que nos expõe | mostra | destaca. E acedemos em trabalhar nessa linha ténue entre fazer com prazer e fazer em sofrimento, mas fazer. Fazer sempre. Sozinhos. Sempre.
Continuar em diante, olhos nos olhos, explorando, experimentando e arriscando, tentando desmontar o bicho. O bicho ou os bichos, que na realidade talvez existam apenas na nossa cabeça. Quantos e onde?
Trabalhar o momento, tentar preencher o(s) vazio(s), tentar garantir que conseguimos continuar, que nos mantemos vivos mesmo quando tudo nos leva a crer que já expirámos. Resistimos também nós como BLOCO.
Aqui o corpo ou o que (ainda) resta dele, é pedaço de carne que interage com o que o rodeia, que se tenta exprimir, que luta por existir no mais estéril e infecundo dos lugares. Fora dali nada existe. Ali, é o único lugar.
Existir é resistir
Em BLOCO, experimentamos como prova de vida. Neste lugar árido e desprovido de sentido experimentamos para resistir. Fazemo-lo tentando, repetindo (como Sísifo?), testando uma e outra vez até que o corpo falhe, a luz se apague, ou algo aconteça.