Museu Municipal de Porto de Mós
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Descrição: Candeia
Datação: Séc. XIX-XX
Medidas (cm): 25,3x14,8x14,8
Materiais: ferro (chapa de ferro)
Doadora: Maria Adélia da Silva Rosa
Morada: Alqueidão da Serra – Porto de Mós
N.º de Inventário: 110
Dia 02 de fevereiro, quando passam quarenta dias após o nascimento do Menino Jesus, é celebrada a festa da sua apresentação no templo e a Purificação de Nossa Senhora. De acordo com a lei de Moisé as mães, após darem à luz, ficavam impuras, não devendo por isso visitar o Templo de Jerusalém até que passasse este período de tempo. Foi com base na festa da Apresentação do Senhor e da Purificação da Virgem que nasceu a festa de Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Luz ou Nossa Senhora da Purificação (a 2 de fevereiro).
Candeia, como sabemos, é uma peça que tem como finalidade radiar luz. Num tempo sem electricidade, a candeia servia para iluminar, colocando-se um pavio a arder, queimando óleo, azeite ou mesmo cera. E é o nome deste objecto portador de luz que surge também associado ao nome da Nossa Senhora, mãe pura e bela, mãe da verdadeira Luz. E significa, de forma mais lata, que a luz de Deus brilha através de quem realmente teve uma experiência pessoal com Jesus.
Falando-se da simbologia da luz associada à luz que saía da candeia, como peça em destaque neste mês de fevereiro apresentamos um tipo de candeia onde a importância da sua luz está associada à sua utilização nos lagares de azeite. No caso, tem um depósito quadrado cujos cantos apertados formam os bicos para colocação de torcidas, estas por sua vez eram embebidas no azeite que se colocava no depósito quadrado e só um pedaço ficava do lado de fora de cada bico. Assim eram quatro as luzes que surgiam, formando uma iluminação de dimensões maiores do que as utilizadas nas casas. Algo que se justificava, pois a área de iluminação da divisão do lagar era superior, havendo várias candeias penduradas pelo lagar de forma a que os lagareiros pudessem trabalhar.
Como sabemos a oliveira é extremamente importante na flora envolvente do concelho de Porto de Mós, havendo desde tempos recuados a extracção da planta de dois bens preciosos: o fruto, para alimento; e o óleo desse fruto, que designamos azeite. A técnica de extrair o azeite foi evoluindo mecanicamente nos lagares, assim como a iluminação, com o aparecimento da electricidade. Esta peça que mostramos é a fonte direta do objecto de iluminação num lagar existente na freguesia de Alqueidão da Serra, concelho de Porto de Mós. Segundo o parecer popular desta freguesia, era por esta ocasião do ano, fevereiro, que o ciclo produtivo da oliveira começava a dar sinais. Daqui dependia a boa ou má frutificação da oliveira, e consequentemente, a boa ou a má safra do azeite.
Também recordamos a crença popular relacionada com o estado do tempo: "se a Nossa Senhora das Candeias estiver a rir (dia de sol), está o Inverno para vir; se estiver a chorar (dia de chuva), está o Inverno a passar".
Museu Municipal de Porto de Mós
Fonte: https://www.municipio-portodemos.pt/pages/1290?event_id=2409
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