OFICINA O ACTOR-CRIADOR Com Nuno Pina Custódio Dias 25 e 26 Junho: 10h-13h e 14h30-17h30 (Inscrições até ao dia 20 Junho) Link para inscrições: https://forms.gle/rko3m5JD7ch6wpRz7
Mais informações em (cem@c-e-m.org com assunto: Oficina o actor-criador)
Colaboração: c.e.m - centro em movimento e Ciência Clara
Não é necessária experiência prévia, apenas total disponibilidade para acolher regras, técnicas e perspectivas novas, guiando-nos pela improvisação e pela dramaturgia aplicada ao jogo imediato dos actores. Assim como interesse para estar-com e criar-com o outro através do teatro.
O ACTOR-CRIADOR Improvisação, dramaturgia e espectáculo na esteira de um Teatro Total A improvisação, na origem do processo de criação, desenvolve-se a partir de ferramentas da dramaturgia que permitem aos actores o estabelecimento de estruturas, redes e escalas que norteiam a intencionalidade e a inventiva de uma obra. Não raro, habituado a depender de um estímulo prévio e extrínseco (normalmente, um texto dramático escrito), o actor sente-se desamparado, sem confiança e “sem ideias”, quando os processos necessitam que a improvisação participe de uma pesquisa ou, inclusive, se consubstancie na própria encenação. Pode o actor ter um “novo cérebro”, assumir a improvisação como um trabalho que flexivelmente se repete, evolui e se transmite de forma intencional, consequente e capaz de suscitar um encontro vivo? Pode, simplesmente, esta sua arte do desdobramento encarar o espaço vazio e o desconhecido inerentes à descoberta, numa perspectiva mais consciente, estruturada e livre? Ao longo de toda a oficina, três momentos históricos estarão sempre em fundo, evocando de forma muito íntima e óbvia o paradigma do Teatro Total: (1) a pratica da oralidade épica dos bardos, poetas e contadores de histórias desses séculos imediatamente anteriores ao advento tecnológico da escrita, (2) o trabalho virtuoso e de grande inventiva do actor renascentista/barroco da Commedia dell’Arte e (3) o movimento dos renovadores dramáticos, na viragem do século XX que, com os impulsos iniciais do simbolismo, projecta criadores que buscam, paradoxalmente, um teatro sem actores (sombras e estátuas) ou, pelo menos, atenuando a sua presença, desmaterializando a “carne” com marionetas-humanas, máscaras e tudo o mais que os afastasse da contingência material do corpo e da estética naturalista. Num tempo em que se expulsa o outro, se destrói a interdependência formal verfazer ou, ainda, se fere vitalmente a esfera do espaço público, a oficina O Actor-Criador procura ainda dar contributos objectivos para que o actor dependa de sipróprio, para que aprenda a restabelecer o vínculo com quem o observa, o complementa e o faz constituir-se: o espectador.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Reactividade e não-reactividade | Imobilidade e acção | Olhar frontal e incidentes | Acção e objectivo | Pantomima e manipulação de realidades imaginárias | Onomatopeia e grummelot | Despersonalização | Obstáculo e conflito | Modelo actancial | Estrutura de uma improvisação | Viagem: bastidores, palco e público | Ritmo e dinâmica | Compressão e antecipação | Narração, oralidade e escrita
(Oficina inserida no programa c.e.m VERÃO I do c.e.m-centro em movimento)
Nuno Pino Custódio, é um encenador, pedagogo e dramaturgo que investiga a máscara enquanto ferramenta fundacional do teatro, identificando-lhe uma estrutura de abordagem pertinente e consequente, em direcção a um século XXI onde, entre outras tensões e crises, a noção de actor e espectador é cada vez mais híbrida, flexível e complexa. A sua pesquisa centra-se desde sempre na identificação de uma tradição cuja ideia precisa de renovar o seu caracter de necessidade com o hodierno. Criou cerca de meia centena de encenações, quase todas a partir de autorias suas ou co-criações, em algumas das mais significativas companhias profissionais portuguesas da actualidade, como o Teatro Meridional, O Bando ou a Companhia do Chapitô. Tem uma presença muito relevante, também, em colaborações com o teatro universitário e, actualmente, é um dos pedagogos de referência na formação de actores no seu país, colaborando amiúde com escolas artísticas e profissionais. O seu trabalho já foi exposto em Espanha, França, Alemanha, Noruega, Bélgica, Cabo Verde, Moçambique e Brasil. Em 2004, fundou a ESTE – Estação Teatral, tendo ali estabelecido o seu laboratório de criação durante quase duas décadas, evoluindo agora a sua actividade na sua mais recente estrutura, a NonPlayer Character (NPC)
Imagem: Autor desconhecido/Outubro 2013, Teatro Meridional