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Cadernos de Espinho: 'Temos Campeões!'

Cadernos de Espinho: "Temos Campeões!"

E vão 11. Com a edição de mais um volume dos "Cadernos de Espinho", desta feita dedicado ao Desporto, a coleção concebida pelos amigos espinhenses Armando Bouçon (historiador), Pedro Pinheiro (designer), Luís Costa e Mário Augusto (jornalistas) alcança um feito notável – 11 livros – que faz jus ao título escolhido para o livro a ser apresentado no próximo sábado: "Temos Campeões!”.
Com efeito, é já dia 26, no Auditório da Junta de Freguesia de Espinho, a partir das 16h30, que ficaremos a conhecer o décimo primeiro volume da história espinhense contada nesta espécie de "breve enciclopédia” temática que já abordou segmentos como a praia de banhos, a arte xávega, o cinema, os casinos, a música, os comboios ou a criação do concelho.
Neste volume, estão em grande destaque as três principais agremiações desportivas do concelho: Sporting Clube de Espinho, Associação Académica de Espinho e Oporto Golf Club.
O clube da raça vareira, indubitavelmente o clube mais popular do concelho, foi fundado em 11 de novembro de 1914 por um grupo de jovens espinhenses que gostava de futebol. Neste volume revisitamos a sua história centenária, nomeadamente a glória alcançada com a conquista do seu primeiro troféu, em 1918, quando o Sporting de Espinho venceu a Taça de Honra da Associação de Futebol do Porto. Mas não foi fácil. Tudo por razões inusitadas que nada têm a ver com futebol… e sim com uma corrida de touros.
Vale a pena explicar o que se passou – como se faz neste volume dos Cadernos de Espinho – com base numa notícia do jornal Gazeta de Espinho de 8 de setembro de 1918. Os adversários eram de gabarito: Sport Comércio e Salgueiros (campeão regional), Boavista Futebol Clube, Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Espinho. Na sua meia-final, os espinhenses eliminaram o Boavista. No jogo que apurava o outro finalista, o Salgueiros conseguiu eliminar o FC Porto. Por isso, a final iria disputar-se entre Espinho e Salgueiros, antevendo-se um grande jogo no campo de Ramalde. Acontece que o jogo foi marcado para o mesmo dia e hora de uma corrida de touros na praça da Areosa e os jogadores do Salgueiros, pelos vistos, eram aficionados da prática tauromáquica. Resultado: o Salgueiros não compareceu ao jogo da final, perdendo-o, naturalmente, por falta de comparência.
Só que os garbosos espinhenses não aceitaram receber a Taça "na secretaria”, sem ir a jogo, pelo que foi marcado novo duelo, desta feita a 25 de agosto de 1918, em Espinho, no denominado Campo da Feira (onde hoje se localiza o Parque João de Deus). E valeu a pena o esforço (e o risco) dos espinhenses, que derrotaram o Salgueiros com uma goleada por 4-0, assim conquistando o primeiro título da história do clube.
Também a Académica de Espinho proporciona, neste livro, a revisitação de muitos episódios que fizeram a sua longa e profícua história. O mais relevante prende-se, naturalmente, com a fundação do próprio clube. Se o futebol esteve na génese do Sporting de Espinho, no caso da Académica foi o ténis de mesa que impulsionou a sua criação. Tudo começou com o convívio proporcionado pelos bailes da juventude e pelo Ping-Pong, que reunia um grupo de jovens com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos, residentes em Espinho e a estudarem no Porto. No regresso das aulas juntavam-se para jogarem Ping-Pong numa mesa, propriedade dos gémeos Lacerda, que existia num armazém situado acima da atual Piscina Solário Atlântico propriedade de João Barbosa. Falamos de Virgínio Pereira, Alberto Vita, Manuel Baptista, Manuel Mourão Pinto Leite e José Júlio de Matos Corte-Real, a que se juntou Milton Pinho. Depois apareceram outros jovens, entre os quais Mário Duarte dos Santos Ramos, Fernando Guilherme Neves da Silva e José Alberto Rodrigues de Sá Azeredo, que avançaram com a ideia de se constituir uma associação desportiva de estudantes à semelhança da que existia na academia coimbrã.
Assim nascia a Associação Académica de Espinho, fundada no dia 22 de janeiro de 1938 em reunião de Assembleia Geral Ordinária que se realizou na sua primeira sede situada na rua 17 (antiga Casa das Beiras).
Quanto ao Oporto Golf Clube, fundado em 1890 por ingleses ligados à produção e comercialização de Vinho do Porto, foi o primeiro clube de golfe em Portugal e alberga, na freguesia de Silvalde, aquele que é o mais antigo campo de golfe da Península Ibérica e o quarto da Europa Continental. O seu atual sócio nº 1 é Francisco Javier de Olazabal, trineto de Antónia Adelaide Ferreira – "A Ferreirinha” e um dos nomes referenciais do Vinho do Porto e dos vinhos DOC Douro (Quinta do Vale Meão, Casa Ferreira, Sogrape, etc.). Praticante da modalidade desde os anos 50 do século XX, também ele sublinha que "o golfe é um fenómeno inglês e [os ingleses do Porto] andavam à procura de um local que se parecesse com o sítio onde nasceu o golfe, que eram as dunas da Escócia e da Inglaterra, à beira-mar. Aliás, os golfes nasceram quase todos à beira-mar, porque eram terrenos pouco valiosos, formados por dunas – a única coisa que davam era um vago pasto. Os ingleses, quase todos eles ligados ao Vinho do Porto, primeiro procuraram terrenos no Porto; mas como não encontraram o que queriam, vieram para Espinho. E começaram logo a jogar; só anos mais tarde é que formalizaram a utilização do campo com a Junta de Freguesia de Silvalde.”
Mas para além da história dos principais clubes de Espinho, o 11º volume destes "Cadernos" evoca um conjunto de atletas – das mais diferentes gerações – que se destacaram nacional e internacionalmente nas mais diversas modalidades, como António Leitão, Vítor Hugo, Sílvia Saiote, Ana Simões, Vlademiro Brandão ou Vitor Hugo.
O prefácio do livro é da responsabilidade de um nome maior do Desporto em Espinho, uma referência para qualquer atleta de qualquer modalidade, que para além dos títulos nacionais alcançados no Voleibol teve também uma carreira relevante como dirigente desportivo. Falamos de Carlos Padrão, segundo o qual "há figuras que foram fundamentais na afirmação desportiva de Espinho, de que são exemplo maior, daqueles que conheci e com quem privei, Carlos Morais, António Gaio, Joaquim Moreira da Costa Júnior, Jerónimo Reis e, claro está, o Dr. António Neves do Colégio de S. Luiz, que foi meu treinador e um mestre exigente de grande qualidade, com quem aprendi muito. São figuras gradas que tiveram um papel relevante nas principais coletividades espinhenses – o Sporting de Espinho e a Académica – e que movimentaram uma juventude imensa de que saíram campeões diversos em diferentes modalidades."

Auditório da Junta de Freguesia de Espinho

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Fonte: https://portal.cm-espinho.pt/pt/eventos/cadernos-de-espinho-temos-campeoes/
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