Partindo da ideia das representações rupestres em que, entre cenas de caça e figuras humanas, vemos representadas mãos nas paredes das cavernas que marcam um gesto cuja intenção é motivo de discussão entre historiadores e investigadores, Carlos Fernandes, apresenta-nos a Exposição “(Não) Lugar”.
Nas imagens do fotógrafo vemos representada essa incerteza em vários elementos que reconhecemos estruturalmente — palmas, dedos, pele, retina, pálpebras, pestanas — através da fotografia de cena, que regista momentos de palco ou das suas imediações, guardando para memória futura o que se constrói nas artes cénicas. Carlos Fernandes olha para o que não se diz, o que não se realiza propositadamente, o que não tem um objetivo claro, e ainda assim, tem múltiplos significados. Uma margem inerente ao trabalho de representação, encenação, dança ou qualquer movimento expressivo, que comunica o indizível e que nos provoca a discussão sobre o significado do gesto.