14:30 até às 16:30
DERIVA #22 — ODE À BOLOTA E AOS CARVALHOS

DERIVA #22 — ODE À BOLOTA E AOS CARVALHOS

Por A Recoletora, com os Landra (Sara Rodrigues e Rodrigo Camacho)

Bolotas, boletas, landras, landes, glandes, etc. São inúmeros os nomes tradicionalmente dados aos frutos secos das espécies do género Quercus, que engloba árvores como o carvalho, o sobreiro e a azinheira ou arbustos como o carrasco e a carvalhiça.
Os Quercus são recursos de extrema importância desde tempos primordiais. O seu porte elevado, a sua madeira dura e resistente e, principalmente, a coleta dos seus frutos altamente nutritivos e medicinais bem como o seu fácil processamento, são algumas das razões que justificam o elevado valor simbólico, artesanal e alimentar que muitas culturas lhe foram atribuindo.
Atualmente, em Portugal, as utilizações alimentares da bolota são praticamente inexistentes, mas nem sempre foi assim. Os primeiros povos que colonizaram a Península Ibérica, já comiam bolotas e, até há algumas décadas atrás, estas ainda se consumiam em algumas regiões do nosso país — cruas, quando doces, como é o caso das bolotas de azinheira, ou transformadas em papas, sopas e pães, caso fossem mais amargas.
E se existiram tempos na história da bolota em que esta foi consagrada e enaltecida, também houve contextos mais recentes em que foi oprimida (de resto como todo o saber rural) e vista como comida de pobres, tendo sido progressivamente substituída pelo trigo, milho e batata, cultivos anuais que implicam esforço e cujo consumo pode ser monetizado, ao contrário dos recursos silvestres, que são recoletados gratuitamente.
Na flora portuguesa são 8 as espécies consideradas nativas: Quercus robur (conhecida por carvalho-alvarinho), Q. pyrenaica (carvalho-negral), Q. lusitanica (carvalhiça), Q. faginea (carvalho-cerquinho), Q. canariensis (carvalho-de-monchique), Q. suber (sobreiro), Q. rotundifolia (azinheira), Q. coccifera (carrasco). Estas espécies passaram incólumes aos processos de domesticação e de alteração genética próprios da industrialização da agricultura, sendo por isso considerados ainda hoje recursos silvestres autênticos.
Nesta deriva, vamos refletir sobre os conceitos de autonomia, resiliência e regeneração intrinsecamente relacionados com o carvalhal, deambulando pela Quinta do Covelo, local escolhido pela sua abundância de Quercus (com mais de 1000 árvores catalogadas segundo o Inventário Arbóreo do Porto). Vamos aprender a identificar os diferentes tipos de carvalhos existentes, através das suas folhas, cascas e bolotas; analisar os contextos biológicos em que se encontram; compreender a diferença ecológica entre alimentos de plantas perenes e os de plantas anuais; descobrir o valor nutricional, alimentar e terapêutico da bolota; conhecer algumas curiosidades histórico-culturais relacionadas com estas árvores, nomeadamente na Península Ibérica e na região norte de Portugal.
Debaixo destas árvores, imaginamos o retorno a uma alimentação à base de bolota enquanto símbolo da mudança paradigmática dos modos de viver presentes, baseada na valorização dos conhecimentos tradicionais e do campo, como efetivo local de cultura, sustentabilidade, sofisticação e liberdade.

Ponto de encontro PARQUE DO COVELO / ENTRADA SUL (Junto ao parque de estacionamento / R. de Bolama 4200)

Nota A inscrição nesta deriva inclui a oferta de um caderno de notas e de uma bebida silvestre.

A Recoletora junta botânicos, nutricionistas, chefs, artistas e designers num projeto colaborativo e itinerante, que tem como objetivo o estudo dos lugares de reciprocidade e interação entre as comunidades humanas e as vegetais. O nosso trabalho alia uma ação contínua de pesquisa, inventariação e mapeamento das plantas espontâneas comestíveis ao resgate de conhecimentos ancestrais e contemporâneos, propondo uma redescoberta da cidade através da recoleção e da deambulação pelos territórios do baldio urbano e da paisagem construída.

Landra é o nome dado à terra e à prática artística e pedagógica de Sara Rodrigues e Rodrigo B. Camacho (Porto / Funchal, 1990), prestando homenagem às bolotas, chamadas de landras no Noroeste Ibérico. A dupla revê nelas uma cultura de autonomia, de soberania e de autossuficiência que procura recuperar, alinhando-se com uma prática de viver e fazer em sintonia com os ritmos e ciclos naturais. Vivem em Cabeceiras de Basto, onde desenvolvem uma agrofloresta desde 2020.

INSCRIÇÕES

BILHETEIRA ONLINE
Nos espaços do Museu do Porto ou Biblioteca Municipal Almeida Garrett.

Inscrições

2€

Cartão Porto, titulares do cartão Bibliotecas Municipais, colaboradores CMP e Empresas Municipais

1€

Estudantes

1,40€

Limite de 20 participantes. + info educativo.museudoporto@cm-porto.pt. ou (+351) 226 057000.

A atividade não está coberta por seguro de acidentes pessoais.

Fonte: https://museudoporto.pt/recurso/deriva-22-ode-a-bolota-e-aos-carvalhos-2/
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
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