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Contemporânea Film(e) – 2ª Parte

Contemporânea Film(e) – 2ª Parte

apoio DGArtes

As Galerias Municipais inauguram na Galeria Avenida da Índia o projeto Contemporânea Film(e): more-than-human — perspectives on technology and futurity, com direção artística de Celina Brás.

A primeira parte do projeto inaugura na sexta-feira, dia 12 de janeiro, e apresenta filmes de Alice dos Reis, Andreia Santana e Diogo Evangelista. A segunda parte tem inauguração marcada para 17 de fevereiro, e mostra os filmes de AnaMary Bilbao, Igor Jesus e Pedro Barateiro.

O projeto Contemporânea Film(e) explora novas formas de curadoria e exibição, arte e teoria, filme e arte contemporânea.

more-than-human — perspectives on technology and futurity tem como principal objetivo refletir sobre a complexa relação e análise crítica do uso da tecnologia como instrumento e dispositivo capitalista e o seu impacto na vida humana, na permutabilidade entre o natural e o artificial, o robótico e o orgânico e as tensões que esses processos geram. A antevisão de futuros desenvolvimentos sociais e tecnológicos inspirou o projeto que investiga noções de futurologia, mitologias transumanas e outros contextos invisíveis, corpóreos e subjetivos. Nas últimas duas décadas, a transformação radical e, ou, superação da
condição humana, através da tecnologia, tem gerado profundas questões éticas e filosóficas. Do ponto de vista teórico, as vantagens e os riscos associados à identidade pessoal, às novas alteridades, à igualdade e justiça social, morte e imortalidade, religião e o significado da vida. Do ponto de vista prático, a inteligência artificial e a hibridização homem-máquina, levantam questões de ética associadas ao aperfeiçoamento físico, cognitivo e moral, à defesa e à segurança.

more-than-human — perspectives on technology and futurity é parte integrante do projeto Contemporânea Film(e) que, ao longo de 2024, apresenta ainda uma edição impressa, um ciclo de cinema e um programa público. Uma proposta colaborativa que abrange várias disciplinas e instituições.”

– Celina Brás, direção artística

Sinopse dos Filmes:

Love Song, de Pedro Barateiro
40′, 2024
Um filme sobre o crescer com a tecnologia e os laços entre agentes humanos e não-humanos, Love Song é ao mesmo tempo autobiografia e autoficção. O filme aborda a subjetividade e a percepção das mudanças que transformam o indivíduo e o coletivo. Love Song parte da minha adolescência e de uma tomada de consciência do corpo — o que chamamos de “eu” — como um espaço onde se confrontam o interior e o exterior, e as camadas que estes engendram. O filme toma como exemplo os meus pais, que namoraram sobretudo por correspondência, e os aspectos romantizados das suas interacções no Portugal fascista do final dos anos 60, entre a imigração (mãe) e a guerra colonial (pai).
Love Song rejeita qualquer forma de identificação. Começou como uma peça áudio, uma banda sonora para um filme que ainda está a ser feito e que se transformará noutra coisa. O filme trata as convenções da narrativa e a forma como têm sido manipuladas pelo capital, ligando o Romantismo (o movimento do século XIX) e o Capitalismo (o uso moderno da palavra no século XIX) e os sistemas binários fomentados pela biologia e pela religião, para questionar as formas de produção e as mudanças que geraram na Europa e no Ocidente. Love Song tenta abordar os usos e abusos da palavra “amor” e a forma como esta é apropriada nas sociedades ocidentais neoliberais num contexto de colapso iminente dos sistemas sociais e naturais.

Prelude, 2023, de AnaMary Bilbao
16 mm transferido para HD, cor, 16:9, som
“Confrontei-me profundamente com o termo ‘não-humano'”, explica-me Bilbao. “Acho problemática a dicotomia humano/não-humano, no modo como nos coloca numa posição supremacista em relação ao resto do mundo.” O trabalho de Bilbao gira em torno da figura da mosca-lanterna para articular um discurso político sobre ontologia que vai além dos significados fixos do eu e do outro, do humano e do não-humano. Em vez disso, a mosca-lanterna funciona como uma representação simultaneamente literal e metafórica de como o atual mercado global capitalista produz, coloca em circulação, e por fim aliena toda a alteridade.
No entanto, o trabalho de Bilbao não se centra apenas numa entidade não-humana através da figura da mosca-lanterna. Nas suas várias camadas, Prelude desafia a distinção entre agência humana, antropomorfismo e outras formas de inteligência, sejam elas animais ou criadas pelo ser humano.

Ventríloquo, 2024, de Igor Jesus
Gelatina e sais de prata, metal, projeção full HD e altifalantes. Som e imagem generativos, gerados a partir da recepção e interpretação de ondas rádio.
Em Ventríloquo, vemos um ecrã que é, simultaneamente, um suporte para uma imagem e um receptor de escuta de ondas Rádio. O ecrã é, na verdade, uma antena que capta frequências e usa-as como fonte para alimentar um conjunto de flautas.

Fonte: https://galeriasmunicipais.pt/exposicoes/contemporanea-filme-2a-parte/
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