PT
Extinção é a primeira apresentação do trabalho desenvolvido após uma residência de três meses na Amazónia Paraense (Brasil). Nas palavras de Cristina Lamas, Extinção não se refere apenas “ao fim de espécies, mas é também uma chamada de atenção para o fim de línguas e de conhecimentos, de ciclos de vida e de fenómenos naturais”. Esta inscreve-se entre o sobressalto do fim e a renovação natural.
Nestas salas o nosso olhar serpenteia sobre um conjunto de objetos pluridisciplinares que revelam a diversidade de um ecossistema complexo. Somos ainda convocados por vozes indiscerníveis, testemunhos recolhidos de uma coexistência ancestral com as plantas. Esta exposição parece traduzir a afirmação de Claire Bishop quando fala de artistas que “metabolizam a pesquisa numa investigação” e chegam a “linhas de pensamento mais originais e idiossincráticas”. A artista reconhece os lugares intangíveis, os desaparecimentos das línguas e do conhecimento sobre as plantas e as suas sementes. Percebe que estas últimas são um "arquivo e testemunho" da relação entre o humano e o vegetal e que guardam "memórias geográficas, políticas e culturais". Mais do que apresentar o resultado de uma viagem, recebemos aqui a sua “investigação” metabolizada, geradora de um novo olhar da realidade, mesmo sob extinção.
Entre os vários locais visitados durante a residência destacaram-se: Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi e herbário do seu Campus de Pesquisa, erveiras do Mercado Ver-o-Peso, comunidade Pio XII, Terra Indígena do Alto do Rio Guamá, Aldeia Sede — Tenetehara, Terra Indígena Las Casas — Mebêngôkre-Kayapó, município de Santarém, comunidade extrativista de Jamaraquá na floresta nacional do Tapajós, Fordlândia, ilha do Marajó (Soure e Salvaterra) e comunidade quilombola Bairro Alto (Salvaterra) a todos o nosso muito obrigado.
Inauguração
Sex 24 mai
18h às 20h30
Visita guiada
Cristina Lamas e Sérgio Fazenda Rodrigues
Qui 20 jun
19h às 20h
Cristina Lamas
Cristina Lamas (1968) tem mantido uma prática artística regular com enfoque no desenho, o seu trabalho reflete sobre a fabricação global de imagens veiculada pelas sociedades globais, apropriando-se de imagens que nos permitem viajar no tempo, como num sampling musical. A pesquisa sobre os resíduos do colonialismo, tempo e memória, reparação histórica, crise climática e plantas são recorrentes na sua obra. Das últimas exposições, destaca Pororoca (individual) na Fundação Carmona e Costa, Selva na Brotéria e Mistifório na Culturgest.
Sérgio Fazenda Rodrigues
Sérgio Fazenda Rodrigues (1973) é arquitecto, curador e editor. Foi professor na Universidade dos Açores (2005–2012), na Escola Universitária Vasco da Gama (2013–14) e na Faculdade de Belas Artes, da Universidade de Lisboa (2019–20), dedicando-se actualmente à divulgação, crítica e curadoria de artes visuais. É membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), tendo participado em 2015 na sua direção, em Portugal. Com Celina Brás, é sócio da empresa Making Art Happen, que reúne a revista de arte Contemporânea e a APP Portugal Art Guide. É o fundador e curador do espaço independente Kindred Spirit, em Lisboa.
EN
Extinção is the first display of the work produced by Cristina Lamas after a three-month residency in the Amazon forest in Pará (Brazil). According to the artist, Extinção refers not only to «the end of species, but also to the notion that languages, knowledge, life cycles and natural phenomena all come to an end». It stands, therefore, between the end’s abruptness and natural renewal.
In these rooms, our gaze wanders over a set of multidisciplinary objects which reveal a diverse and complex ecosystem. We are summoned by indiscernible voices: a collection of testimonies to an ancestral coexistence with plants. Extinção seems to translate Claire Bishop's statement on artists who «metabolize research into an investigation» thus reaching «more original and idiosyncratic lines of thought». Lamas addresses intangible places, the disappearance of languages and of knowledge of plants and seeds. These latter are perceived as an «archive and testimony» to the relationship between human and plant worlds, and also as keepers of «geographical, political and cultural memories». More than presenting some trip’s findings, we are welcoming the artist’s metabolized “investigation”, one that is capable of generating a new look at reality even if threatened with extinction.
We would especially like to thank the Federal University of Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi and its Research Campus herbarium; the herb medicine women of Mercado Ver-o-Peso; Pio XII community; Indigenous Territory of Alto do Rio Guamá, Aldeia Sede — Tenetehara; Indigenous Territory of Las Casas — Mebêngôkre-Kayapó; municipality of Santarém; Jamaraquá extractive reserve (Tapajós National Forest, Fordlândia); Marajó island (Soure and Salvaterra) and the quilombola community of Bairro Alto (Salvaterra).
Opening
Fri 24 may
6pm to 8.30pm
Guided tour
Cristina Lamas and Sérgio Fazenda Rodrigues
Thu 20 june
7pm to 8pm
Cristina Lamas
Cristina Lamas (1968) has maintained a regular artistic practice mainly focusing on drawing. Her work reflects on the global production of images conveyed by global societies, while making use of images that allow the viewer to travel through time, much like in musical sampling. The research on the residues of colonialism, time and memory, historical reparation, climate crisis, and plants is recurrent themes in her work. Among her recent exhibitions are Pororoca (solo) at the Carmona e Costa Foundation, Selva at Brotéria, and Mistifório at Culturgest.
Sérgio Fazenda Rodrigues
Sérgio Fazenda Rodrigues (1973) is an architect, curator, and editor. He was a professor at the University of the Azores (2005– 2012), at Vasco da Gama University School (2013–14), and at the Faculty of Fine Arts, University of Lisbon (2019–20), and is currently dedicating himself to the dissemination, critique, and curation of the visual arts. He is a member of the International Association of Art Critics (IAAC), having participated in its Portuguese administration in 2015. Jointly with Celina Brás, he is a partner in the company Making Art Happen, which consolidates the Contemporânea art magazine and the APP Portugal Art Guide.
Curadoria Curated by
Sérgio Fazenda Rodrigues
Organização Organized by
Brotéria
Parceiro Partner
Apoios Supported by
Folha de sala disponível aqui / Exhibition guide available here
Local: Brotéria
Gratuito
Fonte: https://www.broteria.org/pt/programa?exposicao-extincao