Vindo do pout-pourri de infatigável criatividade que é a cidade de Chicago, Bill MacKay acaba por ter inevitável e historicamente uma sombra benigna a pairar sobre si que o insere numa espécie de contínuo na intersecção entre as invenções do chamado post-rock – Gastr Del Sol, Pullman ou Jim O’Rourke – e a tradição cancioneira – Wilco, Freakwater, Sam Prekop ou Jim O’Rourke. Com uma actualidade sempre premente, em parte iluminada pelo trabalho da Drag City, a Chicago de MacKay é reflectida no seu espírito aventureiro e acto contínuo, reflexo da celebrada editora – mesmo para fora de coordenadas geográficas. Entre canções à guitarra devedoras da folk, algures entre o encantamento de Ben Chasny nos seus momentos mais terrenos e a delicadeza mais luminosa de Nick Drake, e paisagens instrumentais de psicadelismo à torreira do sol pontuadas por teclas e percussão, ‘Locust Land’ – lançado já este ano, seguindo-se ao mui recomendável ‘Fountain Fire’ – é mais um seguro documento de uma trajectória discreta mas de inegável pertinência, que vai do experimentalismo à canção, com todos os pontos intermédios, com graciosidade. Guitarrista excelso, MacKay tem também colaborado amplamente, contando gente igualmente alinhada nesse espírito como Steve Gunn, Nathan Bowles ou Ryley Walker entre seus comparsas, mostra cabal de uma capacidade sincrética natural de fazer as coisas de forma simples mas sempre contundente e reflectida. BS
Camafeu é uma personagem da aldeia. O seu imaginário junta um borralho tardio com histórias surreais. Umas verdade, outras nem tanto. A Cabeça não distingue. Ora saltitante ora melancólico, conta-nos sempre por onde andou, conduzindo-nos através de um set impressionista e de paisagem intrincada.
Fonte: https://zedosbois.org/programa/bill-mackay-camafeu/
