TRILOGIA CADELA FORÇA: A NOIVA E O BOA NOITE CINDERELA
“... o alcance e a escala da peça são surpreendentes, arrastando-nos pelo inferno, sem nunca ser gratuita ou gráfica na sua apresentação. Talvez seja a proximidade da obra com a morte, a audácia e o risco da coisa em si que cria uma sensação tão suprema de vitalidade.” The Guardian
O primeiro capítulo da trilogia CADELA FORÇA, da encenadora brasileira Carolina Bianchi, utiliza ferramentas do teatro e da performance art para questionar se a arte é capaz de dar contorno e sustentação a narrativas de violência sexual sofridas por mulheres ao longo dos tempos.
Desde que ficou obcecada com a história de um violação seguido de assassinato, de uma artista que fazia uma performance relacionada à crença na bondade humana, Bianchi começou a tecer uma tapeçaria de histórias de estupro e feminicídio, organizada em camadas sem encaixe harmônico, atravessadas por fábulas, pinturas, e personagens da História da Arte, revelando assim as complexidades que permeiam a aproximação com essas narrativas, onde a memória é turva e o trauma é uma ferida que não para de produzir novas informações.
Junto com o coletivo Cara de Cavalo, Carolina Bianchi cria uma viagem para um abismo, um buraco no meio do deserto, um mergulho em um copo de ''Boa Noite Cinderela" - uma descida ao inferno.
Estamos num espaço onde o presente entra em colapso com o passado, sem aviso prévio. Ressuscitando uma performance como uma tentativa de encontrar pistas para um enigma tão difícil de nomear, de uma memória tão incompleta. O que separa o sono da morte? O que acontece quando alguém sobrevive?
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