Cultura em Expansão 2024
𝗙𝗮́𝘁𝗶𝗺𝗮 𝗠𝗶𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 ● 𝗟𝗶𝘃𝗶𝗻𝗴 𝗥𝗼𝗼𝗺 𝗥𝗼𝗼𝗺
Concerto/Performance para voz solo, 60 min., M/6Sexta-feira, 11 de outubro, 21h30
Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva
Jardim Botânico do Porto | Museu de História Natural e da Ciência da U.Porto
Rua do Campo Alegre, 1191* Entrada gratuita, mediante levantamento de bilhete no dia e local a partir de uma hora antes do início do espetáculo
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Em contraponto à invasão do digital, dos smartphones, Apps, computadores e gadgets de que dependem a música eletrónica e a arte sonora, que quase sem intervenção do corpo e do gesto resolve concertos com facilidades tecnológicas, Living Room Room é um concerto-performance para voz solo, intimista e a cappella, em que se defende a presença e a contundência de UM CORPO sem fios. Músculos treinados sem mais nada, esculpindo o ar com uma voz prolongada, num registo de mais de quatro oitavas, usada como instrumento de sopro e percussão.Em palco, uma única voz em simbiose com uma significativa componente poética, gestual, visual, dramática e humorística toca-nos até ao âmago.
A dramaturgia de Living Room Room evolui do contemplativo, melancólico, dramático e ritualista para um ambiente de transe frenético, divertido e algo louco.
Living Room Room incentiva uma ESCUTA consciente e culmina com uma secção improvisada que interage com o público e com o silêncio sonoro do lugar, com a sua acústica, com A NOTA que é única em cada espaço, com o seu runrun, sempre único e imprevisível, cantando em diálogo com a arquitetura do lugar.
Filha de uma sensibilidade etnominimal, Fátima Miranda está sozinha em palco com os seus instrumentos habituais: a voz expandida, a herança do Oriente, o corpo, a onomatopeia, o humor, a repetição, o espaço-tempo. Com a sua inteligibilidade ininteligível, vira as costas à tirania dos cânones da beleza do canto e da palavra, e coloca o mundo sobre os seus ombros, entrando sem medo e sem receio na floresta de oralidades que ainda o povoam, carregadas de memórias fonéticas, talvez anteriores à linguagem, evocativas de códigos de comunicação já extintos e que se aninham no inconsciente coletivo.
Em contraste com o que habitualmente se entende por cultura, a poética inclassificável de Miranda atinge uma dimensão de modernidade no sentido do que é sempre contemporâneo, entendido como civilização, isto é, como aquela parte mínima utilizável do imenso mundo cultural.
Música, Cantora-Performer e Espaço Cénico: Fátima Miranda
Acompanhamento de Címbalo: Dino del Monte
Figurino: Issey Miyake e Tradicional Coreano