- As Mulheres no Jazz -
Quando o Rui Miguel Abreu me desafiou para esta exposição, o meu primeiro pensamento foi "Será que em mais de 20 anos a fotografar jazz, já fotografei o número suficiente de mulheres para realizar uma exposição com este título?". Este meu pensamento imediato coloca em evidência, acima de tudo, a frágil presença do género feminino nos palcos do Jazz.
Felizmente, nos últimos anos este assunto tornou-se um tema de debate e reflexão e é notória a crescente preocupação, por parte dos programadores, em contrariar esta tendência, principalmente numa altura em que o número e a qualidade de mulheres músicos é cada vez maior.
O pensamento que se seguiu ao da presença suficiente de fotografias de mulheres em palco no meu portfólio foi "Qual o seu papel, ou seja, quantas delas são instrumentistas, para além das que usam a própria voz como instrumento?".
É curioso observar que esta questão não se coloca se analisarmos, do mesmo ponto de vista, uma orquestra clássica. Aqui a presença de mulheres instrumentistas é uma constante, e mais recentemente o seu lugar deixou de ser apenas o dos violinos, violas ou sopros. Já vemos um enorme número de jovens mulheres a tocar contrabaixo, por exemplo, naipe maioritariamente masculino, até há bem pouco tempo.
A meu ver, a pertinência desta exposição vem do facto de ser um ponto de partida para este debate e para a tomada de consciência destas e de outras questões relacionadas com o género na Música, em particular no Jazz.
Não obstante, trata-se de uma breve seleção de imagens que fui captando nas últimas duas décadas, de norte a sul do país, maioritariamente em Festivais de Jazz, retratando diferentes gerações de mulheres, em momentos que só a fotografia é capaz de fixar e eternizar.
