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Onde o vento não sopra – Companhia de Dança Contemporânea de Angola

Onde o vento não sopra – Companhia de Dança Contemporânea de Angola

Onde o vento não sopra – Companhia de Dança Contemporânea de Angola
Centro Cultural de Paredes de Coura - Dia 08 de novembro - 21h30
Bilhetes à venda na plataforma BOL em https://mparedescoura.bol.pt/ e no Centro Cultural de Paredes de Coura
Valor: 4€ (Bilhete pago a partir dos 3 anos inclusive)

Espetáculo pela Companhia de Dança Contemporânea de Angola, com coreografia de Ana Clara Guerra Marques.

«Na areia molhada lia-se, aos saltos, o retrato às ordens da lua (…) Sempre que o sol subia o chão era devolvido ao mar» (F. Ningi)
Abordando os terrenos da emigração, a peça Onde o Vento Não Sopra propõe-nos um olhar sobre a complexidade das conexões humanas na construção de uma teia que se entrelaça em difeentes direções.
A viagem, a apropriação e a expropriação; a adaptação e a negociação entre as diferentes culturas, bem como a povoação de espaços geográficos e culturais comuns, geram novos processos identitários; e a casa como metáfora da intimidade e do porto seguro, mas em risco de desmoronamento permanente, tal como os projetos em tempo de guerra, em que a incerteza impõe a obrigação de viver «um dia por dia».
Recorrendo a um alfabeto de interpretações múltiplas e multiplicadas construído por eles próprios, os bailarinos contam as suas e as histórias de outros, narrando experiências por vezes únicas, por vezes partilhadas. Os seus discursos remetem-nos para as imagens que, diariamente, nos franqueiam a porta e nos apresentam pessoas em trânsito constante, transportando em trouxas o sonho de uma vida perfeita ou a esperança de um regresso futuro. Entradas, saídas, humilhações, fronteiras e perseguições são alternadas com longas pausas para contar as estrelas e pensar se a viagem terá um fim.
Enquanto fenómeno complexo que reflete, em simultâneo, as desigualdades e as interconexões globais, a peça propõe a discussão sobre como a emigração conduz ao desafio de se encontrar um equilíbrio que harmonize a presença de outros universos com as sociedades de acolhimento, criando condições para uma coexistência harmoniosa e próspera. Apesar dos diálogos frequentemente sobrepostos e das contradições geradas pela diferença, há sempre uma letra comum que se repete em cada linguagem.
Se formos capazes de compreender as causas e respetivas consequências desta «transfronteiridade», estaremos aptos para integrar, como forma de promover o desenvolvimento sustentável e como prática para construir o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades de todos.

Ana Clara Guerra Marques
Luanda | 2024

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