Em “A Cantora Careca”, Ionesco traz-nos a história de duas famílias inglesas do pósguerra, decadentes e pertencentes à burguesia: os Smith e os Martin. O tema central está diretamente relacionado com a dificuldade de comunicação entre as pessoas. Não têm nada para dizer umas às outras, ficando completamente desconectadas. As frases feitas, os clichés, os lugares comuns, passam a dominar a comunicação diária, eliminando desta maneira a autenticidade do seio das relações humanas, gerandose, assim, seres autómatos desprovidos de emoções, de paixões, de utopias, perfeitamente substituíveis uns pelos outros, como se de verdadeiros clones se tratasse. Seres que deixaram de pensar, absorvidos pelo mundo da alienação, do autismo, da demência, da realidade virtual. A crise de valores que surgiu após a 2ª guerra mundial, o retrato que nos chega dessa época depressiva, encontra paralelo nos nossos tempos, fazendo de “A Cantora Careca” um texto de enorme atualidade, criatividade e clarividência, antecipador de futuros problemas humanos. De: Eugène Ionesco Criação e interpretação: Alexandra Sargento, Andresa Soares, Fernando Rodrigues, João Cabral, Sofia Brito e Rogério Jacques. Direcção de arte: Tânia Franco. Fotografia: Pauliana Valente Pimentel. Apoio à produção: Máquina Agradável Bilhetes à venda na Academia de Artes de Chaves | 5 €. Org.: Academia de Artes de Chaves, Associação Projecto Enraizarte e Município de Chaves Apoio: INDIEROR