Nesta exposição o POGO mostra uma parte do seu acervo, mas uma acervo falso, criado a partir do verdadeiro acervo. Uma encenação colectiva de 22 artistas que organiza a angústia do caos, mas um caos pouco caótico, claro. Vários artistas habitués do Pogo reflectem, também sobre o turismo gerando uma possibilidade de comédia sem kitsh. É caso para dizer que quem perder esta exposição não ganha nada. Antes pelo contrário. Mas qual contrário? Estamos numa realidade. Poderíamos estar noutra. Boa viagem. ENTRADA GRATUITA ARTISTAS PRESENTES: Ruy Otero João Azevedo Ricardo Batalheiro Telmo Alcobia Catarina Fragueiro Bertilio Martins Fernado Fadigas João Vinagre Pedro Cabral Santo Tiago Batista Bruno Cecílio Sandra Zuzarte Nuno Bettencourt Ana Direito Kevin Claro Paulo Carmona Guilherme Silva João Timóteo Nuno Rocha c``marie Ricardo Escarduça Francisco Luís Parreira Eduardo Matos João Margarido SOBRE O POGO TEATRO: O Pogo Teatro é uma companhia fundada em Lisboa em 1993. A colaboração de que resulta o Pogo foi amplas vezes ensaiada em domínios tão variados de expressão como o vídeo-teatro, o café-teatro, a performance e as artes plásticas. Os seus autores, de forma continuada ou intermitente, prosseguem uma colaboração criativa desde 1993, altura em que fundaram ou integraram o Pogo. O trabalho desenvolvido por este grupo aproveitava experiências anteriores tidas com o Café Aparte, um grupo vocacionado para o café-teatro e inspirado em mestres do humor como Devos, Fellini, Buster Keaton, Mrozek, Ionesco, etc. Todavia, o Pogo resultou da necessidade de ampliar as premissas a partir das quais encarar a expressão artística, e reuniu, na sua origem, criadores ligados ao teatro, à performance, ao vídeo, à literatura, à música, à moda e às artes plásticas, numa lógica de captação e sedimentação de linguagens aparentemente exteriores ao teatro. O Pogo surgiu assim como uma espécie de laboratório onde se questionou a linguagem do próprio teatro enquanto universo autónomo, e se ensaiou a sua reciclagem em termos formais e técnicos, penetrando-o de sentidos contemporâneos, quer em relação ao conteúdo, quer na sua estratégia formal. Exemplo disso foi a gradual evolução para uma prática do vídeo-teatro, não apenas como simples ampliação ou fragmentação da unidade cénica, mas como um modelo de cruzamento de linguagens expressivas capaz de consagrar novos modelos ficcionais. A premissa essencial desta evolução consistiu na ideia de formular um princípio de responsabilidade artística do criador no confronto imposto pela nova paisagem expressiva contemporânea. Mais especificamente, o de formular o comportamento criativo desejável numa sociedade de novas aventuras tecnológicas, económicas e industriais enquadradas por meios mediáticos hiper-evoluído. Esta nova paisagem não seria apenas um conjunto de novas premissas a partir das quais tivessemos que pensar o estado geral das artes ou apontar para a sua redefinição individual. Seria, de forma mais radical, uma dissolução sistemática dos códigos artísticos num circuito universal de mensagens em processo de perda dos seus privilégios axiológicos, epistemológicos ou estéticos. Testou-se assim as premissas estéticas deste novo estado de coisas e fez-se, em consequência, reverter para a prática teatral a falência do binómio realidade / representação, pelo qual se tentou, não elevar o teatro à contemporaneidade, mas dotar a contemporaneidade de um destino teatral, filtrando assim o velho conceito barroco do teatro do mundo à luz de uma época em que o mundo é o que resulta da impossibilidade do teatro. Se adora arte, junte-se a nós.