A exposição «19_20», de Sandra Baía, integra a programação regular do espaço expositivo interior da Ermida N. Senhora da Conceição, consistindo na apresentação de um objecto tri-dimensional. O horário de visita à exposição é de 3ªfeira a sábado, entre as 14:00 e as 18:00. No trabalho de Sandra Baía, as relações internas do objecto-obra e aquelas outras activadas com o espaço e o corpo constituem-se como modo de criar múltiplos espaços de reflexão e de discurso. Por vezes, o objecto, tendencialmente iconográfico de uma cultura popular e de consumo em massa, é encontrado e intervencionado, nesta apropriação manipulando e deslocando o seu sentido; em outros momentos, a obra criada concilia técnicas e materiais próprios da produção industrial e manual. Em ambos os casos, fá-lo desde logo sugerindo ausência e presença, não apenas as da artista mas também, e enfaticamente, as do observador, ele próprio convocado a olhar-se enquanto agente social e cultural. A ambiguidade deste carácter formal e conceptual é construída por um, ou em um, vocabulário artístico em que se confrontam solidez e imaterialidade, robustez e esbelteza, equilíbrio e instabilidade, amplidão e exiguidade, aspereza e suavidade, num mesmo momento acrescido pela absoluta intencionalidade do habitual recurso a materiais reflectores que integram o observador enquanto elemento constitutivo da obra, a elementos luminosos que definem ou modelam a obra e o espaço, à especificidade da ocupação do espaço pela obra, e à convocação do movimento do observador, operando uma oposição entre o íntimo e o público, entre o individual e o comunitário, entre o próximo e o remoto, entre o real e o aparente. A recorrência no trabalho de Sandra Baía a estas tramas tecidas entre tensões traduz a intenção em colocar o observador perante si mesmo, e activar respostas emocionais às complexidades e individualidades da sua própria condição, e dos mundos internos e externos em que esta se inscreve. Em «19_20», Sandra Baía apresenta um ensaio, maquete ou trabalho em curso no qual se reconhece uma familiar sintetização do detalhe, traduzida pelo engrandecimento da escala, a frugalidade de texturas, a sobriedade da palete cromática, e, no seu estatuto inacabado, ou em curso, revela uma acção ou reação perante o tempo e a insuperabilidade de uma aceleração que inalcançavelmente se escapa.