Vivemos uma época na qual tudo ao nosso redor está prestes a colapsar: o clima, o capitalismo, a democracia, as gastas epistemologias ocidentais, as falsas promessas tecnológicas, a ilusória cisão entre natureza e cultura.
Caso fossem convocadas a responder à tal crise, provavelmente as obras reunidas na exposição Labirintos e Abalos Sísmicos nos diriam que não se trata de consertar aquilo que colapsa em busca de uma suposta ordem, tampouco seria o caso de escapar ao tremor, mas sim, antes, habitá-lo.
Ou seja, deveríamos “permanecer com o problema”. Em meio a um mundo perpassado por cataclismos e transformações biotecnológicas, a suposta realidade, já fraturada e ameaçada, ganha rasgos ficcionais, envolta em uma atmosfera de instabilidade semântica, delírio e paranoia.
Entre a paisagem dita real e aquela virtual, sem que por vezes saibamos diferenciar uma da outra, emergem corpos em transformação, entes orgânicos e inorgânicos cuja natureza híbrida, ou mesmo artificial, acaba por relativizar a própria ideia de natureza.
Luísa Duarte e Bernardo José de Souza
Terça a sexta, das 12h às 19h, sábado, das 14h às 19h
Fonte: https://agendalx.pt/events/event/labirintos-e-abalos-sismicos/