Projeto Orquestra de Guimarães / Guimarães Jazz com Dzijan Emin Octeto

Guimarães Jazz 2024

Sete anos depois do início da parceria entre o Guimarães Jazz e a Orquestra de Guimarães – um projeto, convém notar, exigente a vários níveis e não sem riscos intrínsecos de insucesso –, é com enorme satisfação que registamos o crescimento significativo e a sustentabilidade desta associação, provando assim que o festival estava, e está, certo, na sua postura de abertura a colaborações com entidades externas à sua organização. As dores de crescimento não estiveram, como seria previsível, ausentes deste processo, mas, ao final de várias edições em formatos diferentes, o balanço afigura-se altamente positivo, tendo-se traduzido em colaborações estimulantes com compositores de relevo da música nacional e tradicional e numa paulatina, mas constante, elevação dos patamares de competência de todos os envolvidos no trabalho desta orquestra local. O ecletismo e a diversidade estilística tem sido a nota dominante das escolhas passadas tomadas pelo festival no que diz respeito a esta parceria. Vários formatos de colaboração foram experimentados e a ela já se vincularam compositores do jazz-rock como Nels Cline, do jazz-pop orquestral europeu como Lyna Nyberg ou da música brasileira de influência jazzística como Léa Feire, entre outros artistas de latitudes estilísticas e geográficas diversas. Em 2024, será a música balcânica – eventualmente uma das expressões da música folclórica europeia com maior repercussão e presença mais impressiva no imaginário musical global – a imiscuir-se nos territórios fluidos do jazz pelas mãos e talento de um músico idiossincrático macedónio, Dzijan Emin, a quem caberá dirigir a Orquestra de Guimarães – bem como oito músicos macedónios que o acompanharão – numa viagem distintamente contemporânea por sonoridades híbridas e sem fronteiras estabelecidas entre estilos.

Natural da Macedónia, Dzijan Emin é um multinstrumentista, compositor e produtor com um percurso musical multifacetado e extremamente original, materializado num trabalho dividido por várias frentes artísticas: a interpretação de reportório clássico na qualidade de primeiro cornetista e principal da Filarmónica Macedónia; a criação de música improvisada; a direção de orquestras e grandes ensembles; a composição de bandas-sonoras para cinema e teatro; e, finalmente, a direção artística de festivais de música. O  currículo de colaborações apresentado por Dzijan Emin é tão heterodoxo quanto o seu percurso autoral, e inclui projetos musicais em parceria com artistas e músicos tao díspares como o famoso produtor de música eletrónica Jeff Mills, o notável vocalista de jazz Kurt Elling, o contrabaixista e improvisador William Parker, o vocalista japonês (antigo membro da influente banda de krautrock Can e uma figura seminal da música experimental europeia) Damo Suzuki ou, finalmente, o famoso duo de eletrónica pop Air, entre outros trabalhos colaborativos de menor notoriedade mediática. As suas composições, marcadas por contaminações heterodoxas entre linguagens musicais distintas, foram interpretadas por orquestras prestigiadas de todo o mundo e resultaram na gravação até à data de dez álbuns em nome próprio. Na base do trabalho artístico de Emin deteta-se, portanto, uma incorporação sonora multicultural que espelha o próprio ambiente cultural dos Balcãs de onde este compositor é originário, caracterizado pela intersecção fluida de influências ocidentais e orientais em composições que fundem, criativamente, influências culturais e idiomas musicais.

Fonte: https://www.ccvf.pt/detail-eventos/20241116-guimaraes-jazz-2024-projeto-orquestra-de-guimaraes-guimaraes-jazz-com-dzijan-emin-octeto/