19:00 até às 19:00
Natalia Irina Roman: “Só mais um barco quando nevar em Julho e quando os navios voarem”

Natalia Irina Roman: “Só mais um barco quando nevar em Julho e quando os navios voarem”

Natalia Irina Roman
“Só mais um barco
quando nevar em Julho e quando os navios voarem” 
Instalação
4.7.2013 - 9.7.2013 
Horário: Diariamente, das 15 às 19 horas

Inauguração: quinta-feira, 4 de Julho, 19h
(Concerto de acordeão a solo, 20h, por Sophie Bazy)

Curadoria: Luísa Santos

       
Texto de Luísa Santos

A expressão “site-specific” (específico a um lugar) já correu muita tinta nos textos sobre trabalhos de artistas contemporâneos nas suas reflexões sobre arte, interpretação e narrativa. Os artistas contemporâneos não se inibem de cruzar fronteiras e usar vários meios, evocando e provocando novas experiências e interpretações pelo uso que dão aos lugares. O trabalho da Natalia Irina Roman é um exemplo singular de emoção e experiência em instalações que cruzam fronteiras de metodologias e meios. 
 
Natalia Irina Roman tem um corpo de trabalho consistente focado em contar histórias no contexto de instalações site-specific. Três elementos cruciais em todas as histórias são o tempo, o espaço e as personagens e é assim que o trabalho “Só mais um Barco, quando nevar em Julho e quando os navios voarem” (2013) começa a tomar forma. A acontecer em Julho, na zona antiga de Lisboa, uma zona repleta de linhas de eléctricos usados e outras ao abandono, em que linhas horizontais e verticais se cruzam e entrecruzam, “Só mais um Barco” (2013) é composto por barcos de papel – aqui, as personagens da história – espalhados ao longo de cordas de dois metros, entre o tecto e o chão do espaço. No Round The Corner, uma pequena sala em que cada saída é também uma entrada, os visitantes são convidados a passar por uma cortina densa de cordas e o espaço torna-se assim parte da instalação com o seu carácter misterioso e de passagem, tanto na horizontal como na vertical. 
 
Co-habitando um espaço entre a instalação e a performance, “Só mais um Barco” (2013) faz uso do vento que entra e sai do espaço quando as portas estão abertas e altera-se a cada entrada de cada pessoa. No dia da inauguração, um acordeão está a ser tocado por Sophie Bazy entre os barcos.  O instrumento pode ser visto tanto de dentro do espaço como da rua que, aqui, se torna parte integrante do cenário da instalação que é, acima de tudo, uma história. 
 
“Só mais um Barco” é parte de uma série de instalações de barcos de papel, construções site-specific e, em cada lugar, conta uma história diferente. “Berlin Flying Ships / Navios Voadores de Berlim” (2012) foi desenhado para um outrora salão de baile e mostrou as especificidades da história e arquitectura do sitio (que foi um salão de baile) em que teve lugar, juntando elementos de histórias de Berlim. 

“Só mais um Barco” (2013), em Lisboa, olha para a multiplicidade de histórias possíveis do espaço do Round The Corner. Focando-se no seu presente em vez de no seu passado, Natalia visitou a sala e percebeu a importância desta estar inserida num teatro (Teatro da Trindade). Vendo-o como um lugar que fica entre o palco do teatro e o palco da rua, a artista vi-o também enquanto lugar em que todas as realidades imaginadas poderiam acontecer, e decidiu que qualquer cenário poderia ser inventado. 
 
O cenário de Natalia é uma fantasia de Lisboa na qual neva em Julho e na qual navios podem voar numa pequena sala. A especificidade do lugar e do tempo em “Só mais um Barco” (2013) de Natalia é baseado na sua desconstrução. Estamos em Lisboa, em Julho. Mas, não estamos na Lisboa real do Verão de Julho e na realidade em que os navios navegam no mar mas não voam no céu nem são pendurados numa sala. “Só mais um Barco, quando nevar em Julho e quando os navios voarem” (2013) convida para a imaginação, os desejos e as esperanças, mais do que à simples participação como a conhecemos. 


Biografia

Natalia Irina Roman (*Bucareste, desde 2006 em Berlim)

Natalia estudou Artes Visuais com enfoque em instalação, sob a orientação de David Levine, na European College of Liberal Arts, tendo estudado o papel dos espaços de arte da Hertie School of Governance. Presentemente, está a fazer uma investigação de Doutoramento em espaços de arte que tenham perdido a função para a qual foram construídos e re-desenhados para a arte e a cultura. Trabalhou em várias exposições e instituições como o centro de exposições Martin-Gropius-Bau e o Berlin International Film Festival. Influenciada desde cedo pelo esculptor Mircea Roman, em especial pelas localizações das suas esculturas e como estas dialogavam com os espaços. Natalia especializou-se em instalações com um carácter de narrativa e site-specific com vários meios para criar uma plataforma de discussão entre as artes visuais, texto e políticas urbanas e culturais. Criou instalações de grandes dimensões para o espaço industrial Peter-Behrens-Halle e o esquecido Prachtsaal Neukölln, e criou uma plataforma online de narrativa (storytelling)  sobre pessoas a viver em Berlim.

Round The Corner
Rua Nova da Trindade, Portas 9F – 9G
Lisboa, Portugal
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