25 OCT 22h-04h D. Tiffany No, She Doesn't “O acto de dançar pode ser o mais libertário exercício: na pista de dança, imerso nas frequências das malhas, clássicas ou modernas, eleitas pelo DJ - ou DJs... - para aquele momento, um corpo pode assumir todas as verdades do mundo e ser realmente livre. No She Doesn’t é uma ideia. Um som. Uma postura. Um colectivo. Uma editora. Não há limites nem fronteiras. Inspirados pelo som clássico do Warehouse de Chicago, quando gente como Frankie Knuckles ou Ron Hardy provou que a pista de dança era também espaço de liberdades absolutas, os DJs Baywatch (Manuel Bogalheiro), Legwarmer (André Geada), Permission (João Robalo) Spielberg (Hugo Barão) focam as suas energias na ideia comunal de partilha e pegando em pistas da cena lo-fi evocam memórias difusas de um tempo em que as caixas de ritmos eram ácidas, os néons eram azuis e os filmes eram em película, sem filtros de instagram. Em Março, o colectivo No She Doesn’t traduziu estes impulsos em espiras de vinil com artwork por João Pedro Fonseca e com temas de DJ Legwarmer e DJ Spielberg no lado A e de Joakim Hellgreen e DJ Unsure no flip, tudo em torno dos híbridos sexy de house e R&B, a evocarem Larry Levan e noites sem fim num Paradise Garage que já só existe na nossa imaginação. O vinil esgotou, aumentou a cotação da No She Doesn’t na bolsa de valores do bom gosto e abriu espaço para novo lançamento, assinado por DJ Spielberg (melhor nome de sempre, certo?) que continua a viajar no tempo no DeLorean da sua imaginação em busca dos fragmentos disco que todos temos enterrados na memória para assim nos dar bombas de combustão lenta para as pistas do presente. Classe aos montes por aqui, sem a menor sombra de dúvida. No regresso do colectivo No She Doesn’t ao Rive Rouge, a convidada especial é D. Tiffany, um dos nomes centrais na cena de Vancouver, que criou recentemente a Planet Euphorique, label que já conta dois lançamentos. D. Tiffany é apontada por importantes plataformas como o Resident Advisor como um dos pilares da corrente cena lo-fi que tem Vancouver, a “Riviera Canadiana”, como um dos epicentros. A Dj e produtora que responde ao nome Sophie Sweetland veio do universo das bandas (tocou teclados nos MT-40), também cria techno sob o alter-ego Dj Zozi, e aposta em quebrar regras para inventar novas posturas. A sintonia com No She Doesn’t é total pelo que se adivinha noite épica de amor e suor, de exaltação e euforia, de comunhão e abandono. São assim as melhores, certo?” ��Texto por Rui Miguel Abreu
