Na quinta-feira, dia 31 de outubro, pelas 19h00, terá lugar um debate subordinado ao tema "Como lidar com o passado: 30 anos da queda do Muro de Berlim, 45 anos da Revolução de Abril" no âmbito do ciclo de debates Quo vadis, Europa? no auditório do Goethe-Institut, em Lisboa. Poucos dias antes do 30º aniversário da queda do Muro de Berlim na Alemanha, a ativista, política e ex-comissária federal alemã para os documentos dos Serviços de Segurança do Estado da antiga RDA, Marianne Birthler, e a investigadora portuguesa Irene Flunser Pimentel irão conversar como lidar com a história e suas consequências até ao presente europeu. A moderação estará a cargo de Reinhard Naumann, representante da Fundação Friedrich Ebert em Portugal. 2019 não assinala apenas o 30.º aniversário da queda do Muro da Alemanha, mas também o 45.º aniversário da Revolução de Abril que pôs fim à ditadura do Estado Novo. Ambos os processos são de grande relevância para a Europa de hoje. Independentemente das diferenças entre os dois regimes, cujo fim marcam estas datas, permanece a mesma questão na Alemanha, tal como em Portugal: como lidar com o passado ditatorial? Durante quarenta anos, a República Democrática Alemã (RDA) existiu ao lado da República Federal da Alemanha como segundo estado alemão, separado por fronteiras e muros vigiados. O Estado assumiu grande parte da propriedade privada e administrou a economia. Como único partido no poder, o SED controlou todas as áreas da vida. Qualquer pessoa que se desviasse da "norma" ou ousasse contradizê-la era monitorizada e perseguida. Durante pouco mais de quarenta anos, Portugal foi moldado pela ideologia do corporativismo autoritário. Em 1926, um golpe militar pôs fim à Primeira República. Em 1932, António de Oliveira Salazar foi nomeado primeiro-ministro e, em 1933, entrou em vigor a constituição ditatorial do Estado Novo. Ambos os governos, o da RDA "real-socialista" e o do Estado Novo "corporativista", foram derrubados por revoluções pacíficas. Ambas as sociedades tiveram de alcançar grandes conquistas em matéria de integração: A Alemanha teve de reunir duas sociedades há muito separadas e Portugal teve de lidar com a integração dos retornados das colónias. Ambas as sociedades foram confrontadas com traumas, injustiça e perseguição, um processo de readaptação com repercussões até hoje. Marianne Birthler (Berlim, 1948). De 2000 a 2011, sucedeu a Joachim Gauck como Comissária Federal para os Documentos dos Serviços de Segurança do Estado da antiga RDA. Envolveu-se em vários grupos de oposição na RDA já em meados da década de 1980 e foi uma das protagonistas da Revolução da Liberdade de 1989. De 1990 a 1992 foi Ministra em Brandenburgo, então primeira Presidente Federal do partido Bündnis 90/Die Grünen. É membro da Academia Verde da Fundação Heinrich Böll, do Conselho de Administração do Memorial do Muro de Berlim e do Conselho de Curadores da Aktion Courage. É autora de vários livros, entre os quais a sua mais recente autobiografia Halbes Land, ganzes Land, ganzes Leben. Erinnerungen. (Meio país. Todo o país. Vida inteira. Memórias. 2014). Irene Flunser Pimentel (Lisboa, 1950) é doutorada em História Institucional e Política Contemporânea e trabalha hoje como investigadora no Instituto de História Contemporânea (FCSH da UNL). Elaborou diversos estudos sobre o Estado Novo, o período da II Guerra Mundial, a situação das mulheres durante a ditadura do Estado Novo. Organizou diversas conferências e colóquios, participou em diversos documentários fílmicos. É autora e co-autora de diversos livros, entre os quais se encontram História da Oposição à Ditadura em Portugal. 1926-1974, Ed. Figueirinhas, 2014. O ciclo de debates "Quo vadis, Europa?" aborda os atuais desafios sociais, políticos, económicos e culturais da Europa. Líderes intelectuais, políticos e investigadores de Portugal e de países de língua alemã debatem questões europeias emergentes com o objetivo de incentivar a compreensão mútua e desenvolver opções políticas comuns para o futuro. Os iniciadores e veiculadores de "Quo vadis, Europa?" são o Goethe-Institut Portugal, a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e a Associação São Bartolomeu dos Alemães em Lisboa.