O Teatro da Rainha estreia no próximo dia 7 de Março a peça “Às duas horas da manhã”, de Falk Richter. Com encenação de Fernando Mora Ramos, este espectáculo estará em cena até 23 de Março, sempre às 21h30, na Sala Estúdio da companhia sediada nas Caldas da Rainha. Um arquipélago de monólogos, nas palavras do encenador, um teatro certamente diferente de tudo o que existe, nas palavras do crítico britânico Michael Billington, “Às duas horas da manhã” é uma peça que coloca em cena personagens da chamada geração Z, dramatizando a influência da internet no quotidiano dos indivíduos, vidas íntimas sufocadas pelos percursos profissionais, burnout, stress, solidão, crises nas relações interpessoais, alienação, perda da identidade, a ausência de uma linguagem que permita dar sentido a existências determinadas por uma espécie de script que tudo uniformiza e esvazia de sentido. Constanze perdeu o rastro a Tom, colega de trabalho com quem tem uma relação amorosa. Marc, espécie de alter-ego do Autor, hesita na construção das suas personagens. Timo encarna Helge Gonzensheimer numa entrevista de emprego que lhe sai completamente ao lado. Lisa está grávida, o que leva Constanze ao desespero. Há que investir na firma, a verdadeira família, o bebé. Max encontra-se à beira do abismo, do esgotamento à loucura vai um passo. Todos tentam comunicar com alguém, mas a linguagem escapa-se-lhes. Encerradas dentro si, as personagens de “Às duas horas da manhã” perdem-se num labirinto de solilóquios que as impele para o abismo da solidão. Canções, diálogos fragmentários, palestras motivacionais, entrevistas de emprego que parecem sessões de psicanálise, uma coreografia de penas e referências estilhaçadas convidam o espectador a unir as peças do puzzle que revela a cidade contemplada por Lisa do seu 42.º andar: uma geração emaranhada na teia quotidiana do capitalismo selvagem, cativa de prisões invisíveis onde se funde e confunde o íntimo com o público, o pessoal com o profissional, o real com o virtual. Trata-se só de vender-se bem. Falk Richter (1969) estudou linguística, filosofia e encenação. É autor de peças traduzidas para mais de 25 idiomas e produzidas um pouco por todo o mundo. Além de escrever e encenar os próprios textos, tem trabalhado autores contemporâneos e clássicos. É, desde 2015, artista associado no Teatro Nacional de Estrasburgo e, desde 2017, trabalha como encenador residente no Deutschen Schauspielhaus de Hamburgo. Com os coreógrafos Anouk van Dijk e Nir de Volff, vem criando produções que transpõem fronteiras entre diversas disciplinas: teatro, dança, música. “Às duas horas da manhã” estreou a 1 de Fevereiro de 2015 em Frankfurt. Chega agora às Caldas da Rainha, com tradução de Carlos Borges e encenação de Fernando Mora Ramos. Estreia marcada para 7 de Março, com a interpretação de Mariana Reis, Fábio Costa, Nuno Miguens Machado, Mafalda Taveira, Tiago Moreira e Beatriz Antunes. Cenografia de Fernando Mora Ramos, iluminação de Hâmbar de Sousa, intervenção musical de Tiago Moreira. «Às duas horas da manhã tomo finalmente uma decisão.»
Para mais informações: http://www.teatrodarainha.pt/ 262 823 302|966 186 871 De segunda a sexta, das 9h às 18h, e dias de espectáculo até às 20h.