Inesperadamente ou talvez previsivelmente, o tema da família voltou a ocupar o espaço mediático português. Tanto o ataque cerrado à disciplina de Cidadania como a polémica publicação do livro “Identidade e Família” desenterram um discurso conservador sobre o papel da mulher na sociedade, reactivando o discurso sobre a crise da família dita conservadora, oposta aos novos modelos familiares que libertaram a instituição familiar da sua vocação económica vinculada pela sobrevivência, pela reprodução e pela transmissão dos bens.
A mais recente produção do Teatro da Rainha, “Na República da Felicidade”, de Martin Crimp, é um tríptico cuja primeira parte tem o sugestivo título “Destruição da Família”, sendo aí visível o carácter disruptivo da família numa excêntrica ceia de Natal que coloca a nu a fragilidade dos elos que ligam três gerações. Entre nós, o escritor Sandro William Junqueira é, talvez, quem melhor tem sabido explorar o território familiar em narrativas que, misturando factos com ficção, levam ao questionamento da família enquanto lugar problemático, sendo disso exemplo livros tais como o romance “A Sangrada Família” (2021) ou o mais recente “Emídio e Ermelinda” (2024). É ele o próximo convidado de Diga 33 – Poesia no Teatro. Site:https://teatrodarainha.pt/eventos/diga-33-poesia-no-teatro-sandro-william-junqueira/
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