Entrada livre para sócios.
Tomoyuki Aoki é o vocalista e guitarrista da banda psicadélica japonesa UP-TIGHT há mais de 20 anos, tendo lançado álbuns que misturam ruídos destrutivos de guitarra com delicadas baladas folk. Também tem estado ativo como artista a solo, fazendo uma digressão pela Europa em 2023. Faz parte de uma onda de música underground japonesa que se estende desde Les Rallizes Denudes e Keiji Haino, até Acid Mothers.
Harutaka Mochizuki é um multi-instrumentista, conhecido sobretudo pelas suas improvisações de saxofone que evocam os mesmos satélites solitários. Não é apenas um solista. Também colabora ativamente com muitos músicos como Tomokawa Kazuki, Hideaki Kondo (EXIAS) e Michel Henritzi (França). Mochizuki também esteve em digressão a solo pela Europa, em 2023.
Ravenna Escaleira é uma artista portuense, atualmente radicada em Lisboa, depois de uma passagem pelo Brasil, Espanha e Itália, num processo de auto-descoberta que se reflecte na sua música. Com um corpo de trabalho que engloba música, poesia e artes visuais. Depois das suas experiências idiossincráticas e diretas com a eletrónica sob o pseudónimo RVN, que deixaram um legado de performances e lançamentos digitais que iam do noise cru a texturas quase ambientais, tem vindo a desenvolver uma linguagem própria no saxofone, piano e contrabaixo depois de anos a tocar na rua. Uma experiência vivida que é reencenada através de um lirismo profundo, próximo da balada mais dolorosa, desenhada pelo espaço acústico que habita.
Em 2015 Bill Orcutt teve o privilégio de ser headliner para um concerto de The Orm na ZDB. Umas horas antes, quando questionados por uma terceira pessoa sobre “o que é que tocam”, Tiago Silva e Filipe Felizardo podiam ter respondido “guitarra eléctrica”, mas optaram por “noise” – o que justifica o bitaite que escapou a Orcutt nesse momento: “I am beyond noise.” Sorrisos amarelos, peraí, vou buscar mais uma jola, já venho.
Não há punchline. Se The Orm fôr uma banda, é uma tragédia: mata o pai, mata o avô, apenas para os emular em nome do falhanço que é não saber tocar menos que muito alto; dá-se a pieguice e leva-se tão a sério que a única pergunta que pretende formular é: “Ir além de quê?” Dos vícios da música improvisada e da sua pretensa liberdade anímica e não-idiomática? Da expressão? Da recusa? Formal e eticamente, The Orm não vai – afunda-se.
Fonte: https://zedosbois.org/programa/tomoyuki-aoki-harutaka-mochizuki-ravenna-escaleira/