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O. ⟡ Falésia
O. ©Holly Whitaker

O. ⟡ Falésia

Aberto o infinito com ‘Interstellar Space’ e ‘Duo Exchange’ com Rashied Ali em conluio com – respectivamente – John Coltrane e Frank Lowe e sua progressiva descendência em territórios mais ou menos tangentes ao jazz e improvisação, passíveis de encarreirar para formas extremas de metal e rock – Dead Neandertals, por exemplo -, seria perfeitamente expectável pensar neste duo londrino como uma deriva dessa mesma “linhagem” ampla. Sopros trazem sempre essa ideia arrastada, não é? Mas, apesar do binómio saxofone barítono + bateria, não existem por aqui grandes pontos de contacto com algo remotamente jazzístico, antes uma propulsão roqueira, uma entrega minimalista mui punk e noção espacial herdada do dub que, historicamente remete para as experiências post-punk da virada dos 70 para os 80 e, pensando no agora, para a revitalização do termo operada pela pandilha que se reúne em torno do espaço da Windmill Brixton – black midi ou Shame. Em termos práticos, o rugido gutural e potencial de riffagem do barítono de Joe Henwood é engolido numa torrente de efeitos – distorções, ecos, modulação do pitch, e por aí fora – capaz de o tornar numa outra coisa quando assim pedido, mas também a reconhecer o valor melódico-impactante do sopro é arremessado à precisão mimética da bateria de Tash Keary. ‘WeirdOs’, álbum de estreia do ano passado, é um portento de harmonias infecciosas, repetições hipnóticas, guinadas espasmódicas e momentos expansivos que nos relembram que esta banda nasceu de longas jams mas atravessou já a barreira da auto-indulgência para um chamamento colectivo. BS

A operar desde 2014, Falésia começou por ser uma expressão assente especificamente em apresentações ao vivo. Com a guitarra elétrica no epicentro de manifestações de improviso e experimentação, surgiu uma gradual extensão a gravações de campo ou o recurso a sintetizadores analógicos e digitais. A partir de 2019 surgem as primeiras gravações através da plataforma Bandcamp, não só resgatando arquivos passados como projectando registos atuais. O acto de documentar, o mais fiel possível, levou-o a partilhar esses trabalhos de forma constante, num espaço de laboratório em tempo real.

Nos últimos anos, Falésia apresentou-se em diversas salas do país como Damas, Galeria Zé dos Bois, Zaratan, Desterro, Casa Independente, Penha Sco (Lisboa), SMUP (Parede), Casa das Artes Bissaya Barreto (Coimbra) ou ainda a participação no festival Tauranga Music Sux, na Nova Zelândia em 2015. Partilhou palco e cartazes com Helena Espvall, Luís Lopes, Calcutá, Putas Bêbadas, Bruno Silva (Serpente/Ondness), 2Jack4You, Emma DJ ou a dinamarquesa Puce Mary, entre muitos outros.

Fonte: https://zedosbois.org/programa/o-%e2%9f%a1-falesia/
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